sábado, 3 de outubro de 2009

MÚSICA:


Aquarela

Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo...

Corro o lápis em torno da mão
E me dou uma luva
E se faço chover, com dois riscos
Tenho um guarda-chuva...

Se um pinguinho de tinta
Cai num pedacinho azul do papel
Num instante imagino
Uma linda gaivota a voar no céu...

Vai voando,
Contornando a imensa curva Norte e Sul
Vou com ela viajando Havaí,
Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela branco navegando
É tanto céu e mar num beijo azul...

Entre as nuvens,
Vem surgindo um lindo avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo
Com suas luzes a piscar...

Basta imaginar e ele está
Partindo, sereno e lindo
Se a gente quiser
Ele vai pousar...

Numa folha qualquer

Eu desenho um navio de partida
Com alguns bons amigos
Bebendo de bem com a vida...

De uma América a outra

Eu consigo passar num segundo
Giro um simples compasso
E num círculo eu faço o mundo...

Um menino caminha

E caminhando chega no muro
E ali logo em frente
A esperar pela gente
O futuro está...

E o futuro é uma astronave

Que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença
Muda a nossa vida
E depois convida
A rir ou chorar...

Nessa estrada não nos cabe

Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos
Numa linda
De uma aquarela
Que um dia enfim
Descolorirá...
Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
(Que descolorirá!)
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo
(Que descolorirá!)
Giro um simples compasso
Num círculo eu faço O mundo
(Que descolorirá!)...
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MÚSICA: Aquarela
COMPOSITORES: Toquinho, Vinicius de Moraes, G.Morra e M.Fabrizio

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COMENTÁRIO - Paulo Cesar Paschoalini:
Nessa música, que é uma obra de arte tal qual uma aquarela, vale destacar o trecho:

"E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade, nem tem hora de chegar
Sem pedir licença muda a nossa vida
E depois convida a rir ou chorar..."

Uma definição de futuro muito realista. Porque não dizer, até um pouco assustadora.
No entanto, sem deixar de ter um conteúdo extremamente poético.
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