1 - INTRODUÇÃO:
Essa
produção britânico-indiana de 1982, dirigida por Richard Attenboroug, foi
indicada ao Oscar em 11 categorias, ganhando 8 estatuetas, entre elas de melhor
filme e direção, além de melhor ator para Bem Kingsley, no papel-título.
Conta
a vida do líder indiano Mohandas Karamchand Gandhi e sua luta para independência de seu
país sob domínio do império britânico. Destaque para a sua política de não violência,
que aos poucos vai minando o poderio inglês. Mais tarde ficou popularmente
conhecido como Mahatma Gandhi (Mahatma, a grande alma, em sânscrito).
Narra
também sua tentativa de conciliação entre os diferentes segmentos religiosos, buscando
a unificação da Índia numa única nação, já que para ele deveria ser algo que
independesse da opção religiosa.
Numa
época de conflitos sociais em várias partes do mundo, o filme é um convite a
uma reflexão a respeito de atitudes de violência do ser humano, onde ficam
explícitos os atos extremos, que visam a dominação do homem pelo próprio homem,
que nos remete ao filósofo inglês Thomas Hobbes e sua célebre frase “o homem é
o lobo do homem”.
2.1 - O DOMÍNIO INGLÊS:
O
filme é sobre a história do líder indiano
Mahatma Gandhi e sua luta pela independência de seu país
sob domínio britânico. Após sua chegada à Índia, Gandhi mantém contato com
figuras expressivas do Congresso Nacional Indiano e é convidado a viajar de
trem pelo país para conhecer a realidade vivida pelo povo, com
desigualdades sociais gritantes.
Ao
ver-se diante de situações em que o império britânico se impunha pela força
para manter seu domínio, Gandhi surge como conciliador visando a unificação de
hindus e muçulmanos no processo de libertação. Para isso, conclama o povo a
assumir sua própria identidade, como uso de roupas simples, de confecção
artesanal, boicotando, assim, o comércio de tecido inglês, além de organizar a marcha do sal como forma
de resistência ao poder militar de seu opressor.
Como é possível observar ao longo da
história, toda vez que um país vence seu oponente através de um conflito armado,
acaba por impor ao povo vencido sua cultura, crença religiosa e costumes, a fim
de deixar claro seu domínio pelo uso da força.
Porém,
em situações dessa natureza é comum ao povo oprimido lutar pela sua liberdade,
já que ela é inerente à condição humana. Thomas Hobbes, no seu livro Leviatã ou Matéria, forma e poder de um Estado
eclesiástico e civil: “porque
quanto à força corporal o mais fraco tem força suficiente para matar o mais
forte, quer por secreta maquinação, quer aliando-se com outros que se encontrem
ameaçados pelo mesmo perigo”.
Embora algumas ações militares
britânicas tenham sido respondidas com violência, principalmente por
parte do segmento muçulmano, as tropas militar bem treinadas e seu aparato
armamentista foram sendo paulatinamente desmoralizados por atitudes pacifistas,
planejadas e implementadas por Gandhi, baseadas na sua estratégia de não
violência.
2.2 - A POLÍTICA DA NÃO VIOLÊNCIA:
A
trajetória de Gandhi é mostrada, desde sua juventude na África do Sul, quando
teve contato com o “apartheid”, regime britânico de segregação racial. Naquela
oportunidade era um recém formado advogado, que acaba sendo expulso de um trem em
que viajava, por recusar-se a deixar a primeira classe, destinada a pessoas de
pele clara, diferente da sua. Desde essa época, suas atitudes sempre foram
pacíficas, que não deve ser confundida com passividade.
Ao
retornar à Índia e encontrar um país subjugado pelo império britânico, decide
adotar a política de não agressão, acompanhada de desobediência civil, como
enfrentamento às ações militares de seu dominador. Essa sua estratégia
pacifista ganha o apoio não só das massas, mas também da burguesia, alcançando,
inclusive, reconhecimento internacional. Para se ter uma idéia dessa
abrangência, ao ser convidado a uma visita à Inglaterra, conquista também a
simpatia dos trabalhadores da indústria têxtil britânica.
Ao
mencionar a frase “olho por olho e o mundo acabará cego”, que sintetiza sua
visão peculiar de enfrentamento, Gandhi conseguiu enxergar muito além do que
aqueles que, impedidos pela cegueira do ódio, insistem em ações de
retaliações cada vez mais violentas.
Ironicamente,
justamente ele que lutou pela paz, acabou por ser covardemente assassinado a
tiros por um fanático indiano.
3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Apesar
da independência da Índia, Gandhi, ele não consegui atingir seu princípio
humanista de unificação de seu país. Posteriormente o país foi dividido, com a
fundação do Estado do Paquistão, que ele não chegou a ver.
Porém
sua maior vitória foi seu legado calcado no princípio da não violência. Através
de atitudes baseadas em estratégias pacíficas, conseguiu obter resultados de muito
mais eficiência do que as ações de represálias contra seu oponente britânico.
Na
busca da paz em todos os segmentos sociais e no eterno desejo pela paz
interior, o ser humano encontra em Gandhi um líder singular, que conseguiu
atingir com eficiência seu objetivo de libertar seu país, sem o uso da força,
como normalmente acontece.
Outra
frase desse pacifista indiano, que vem ao encontro de suas atitudes ao longo de
sua vida: “não existe um caminho para a paz; a paz é o caminho”. Sendo assim, embora
possa parecer utópica, fica a expectativa de que a paz seja o caminho a ser
trilhado pelo ser humano contemporâneo.
4
- REFERÊNCIAS:
- Caderno de Referência de
Conteúdo-Filosofia Política, Unidade 4 / Prof. Dr. Daniel Arruda Nascimento, Claretiano-Rede
de Educação/Batatais 2013.
- Pensador UOL, Link: <http://pensador.uol.com.br/gandhi/>,
acesso em 15 set 2013.
- Wikipédia – A Enciclopédia
Livre, Link: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Mahatma_Gandhi>,
acesso em 16 set 2013.
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TEXTO: Paulo Cesar Paschoalini
TEXTO: Paulo Cesar Paschoalini
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COMENTÁRIO:
Trabalho do componente curricular de AACC - Atividade Acadêmica Cultural e Científica, apresentado durante a graduação em Licenciatura em Filosofia, pela Faculdade "Claretiano - Rede de Educação", Polo de Rio Claro-SP.
Trabalho do componente curricular de AACC - Atividade Acadêmica Cultural e Científica, apresentado durante a graduação em Licenciatura em Filosofia, pela Faculdade "Claretiano - Rede de Educação", Polo de Rio Claro-SP.
A publicação no blog é uma sugestão para quem ainda não viu o filme e
também um convite para aqueles que já o assistiram, para tornarem a vê-lo,
agora sob uma análise filosófica. Vivemos num mundo em que o exercício da força
do poder econômico sobre os mais fracos é cada dia mais visível e, para tal
constatação, basta lançarmos um olhar reflexivo em torno de nós, que veremos isso
das maneiras mais veladas e dissimuladas.
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