segunda-feira, 3 de outubro de 2016

UM TEXTO...

Os ninguéns

Os ninguéns: os filhos de ninguém, os dono de nada.
Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos,
morrendo a vida, fodidos e mal pagos:
Que não são embora sejam.
Que não falam idiomas, falam dialetos.
Que não praticam religiões, praticam superstições.
Que não fazem arte, fazem artesanato.
Que não são seres humanos, são recursos humanos.
Que não tem cultura, têm folclore.
Que não têm cara, têm braços.
Que não têm nome, têm número.
Que não aparecem na história universal,
aparecem nas páginas policiais da imprensa local.
Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata.

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AUTOR: Eduardo Galeano
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COMENTÁRIO - Paulo Cesar Paschoalini: Eduardo Hughes Galeano nasceu em 3 de setembro de 1940, na cidade de Montevidéu e faleceu em 13 de abril de 2015, também na capital do Uruguai. Foi um jornalista e escritor uruguaio, sendo autor de mais de quarenta livros, cuja principal característica dos seus textos, além da qualidade inegável, é a combinação de ficção, jornalismo análise política e História. Dentre suas publicações, destaca-se a sua obra-prima intitulada “As veias abertas da América Latina”, escrita em 1971. É considerado um dos principais escritores latino-americanos, principalmente em razão da sua visão crítica, que abrangia principalmente as questões sociais e políticas do continente (fonte: Wikipedia).
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