Poetar
Ser poeta é, por sua vez,
Não interrogar os inúmeros “porquês”;
é roubar do tempo a rapidez
e querer o que a vida desfez.
É expressar os gritos da mudez
e fazer ouvir ruídos na surdez;
é ver no translúcido a nitidez
e saborear o doce da acridez.
É tatear o morno da tepidez
e transformar a frieza em calidez;
é despir de pudor toda nudez
e despertar a libido da frigidez.
É desembaraçar-se diante da timidez
e agigantar-se em pequenez;
é fartar-se em plena escassez
e permitir inquietação à placidez.
É tratar com suavidade a rispidez
e converter indelicadeza em polidez;
é fazer da aspereza maciez
e revelar humildade à altivez.
É propor prudência à insensatez
e buscar a cura para a morbidez;
é estar sóbrio de embriaguez
e mostrar-se demente de lucidez.
É dotar a estagnação de fluidez,
e extrair as cores da palidez;
é dar às vontades humanas solidez
e aos corações empedernidos flacidez.
E, nas linhas que no papel se fez,
rascunhar com leveza e avidez,
os desalinhos da alma, de vez,
com todas as certezas de um “talvez”...
---------------------------------------
AUTOR: Paulo Cesar Paschoalini
---------------------------------------
COMENTÁRIO:
O texto acima foi escrito há mais de
10 anos e foi selecionado num Concurso Literário de nível Nacional (ver
abaixo), que teve a participação de cerca de mil concorrentes. Para minha
satisfação pessoal, o evento aconteceu justamente em Descalvado (próxima de São
Carlos), cidade localizada no Centro-Leste do Estado de São Paulo, onde morei
pouco mais de três anos, entre 1980 e 1983.
PREMIAÇÃO:
- 10ª colocada no “V Concurso Nacional de Poesia”, da cidade de Descalvado-SP, e foi publicada nas páginas 29 e 30 da na coletânea “Marcas do Tempo VIII”, no ano de 2006.
- 10ª colocada no “V Concurso Nacional de Poesia”, da cidade de Descalvado-SP, e foi publicada nas páginas 29 e 30 da na coletânea “Marcas do Tempo VIII”, no ano de 2006.
______________________________________
Nenhum comentário:
Postar um comentário