segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

MINHA POESIA:

Entardecer (ou, 'Em tarde ser'): 


Parece que a luz já deu-se por satisfeita.
Depois de ter deixado tudo muito às claras,
chegou a hora de ser tragada pela boca da noite.
Aquilo que não se demora, nem sempre é breve;
o que há de ser levado, que a sombra leve,
mas com a leveza que cabe aos degradês.

Que o frenesi do dia seja substituído pela pausa
e que o efeito que o define se afine com a causa.
Que a passagem do lume à penumbra
faça-se não somente paulatinamente,
mas, na verdade, assim, 'palativamente',
a ponto de podermos saborear o entardecer.

Ali está a tarde, entre o dia e a noite,
com os pés em dois barcos, mas não naufraga.
Paira, flutua, e, de maneira profunda,
funde-se com os graus e degraus desse instante.

O resto de luz, que porventura ainda arde,
contrasta com réstias de penumbra da tarde,
que aos poucos chega e se aconchega.
E o dia saiu de viagem... Mas volta!

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AUTOR: Paulo Cesar Paschoalini
(Protegido por Lei de Direitos Autorais, 9.610/98)
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OBSERVAÇÃO: Poesia selecionada para compor a Antologia “Além da Terra, além do Céu”, da Chiado Editora, que atua em publicações de obras literárias no Brasil e em Portugal, além de possuir Centros Editoriais em Miami, Madri e Roma.

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