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sábado, 19 de agosto de 2023

MINHA POESIA:

PRÓPRIO NORTE: 

Quando constatei-me ser agulha 
que descobriu o próprio norte, 
alinhavei meus sonhos, primeiro, 
e deixei de considerar má sorte 
a existência de 'um palheiro'. 

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AUTOR: Paulo Cesar Paschoalini
(Protegido por Lei de Direitos Autorais, 9.610/98)
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sexta-feira, 11 de agosto de 2023

MINHA CRÔNICA:

A neblina da PAIsagem 



_____Os primeiros raios de sol anunciavam um novo amanhecer do mês de junho e uma bicicleta dobrava a última esquina, antes de alcançar a rua que levava até a uma Indústria Metalúrgica. Eram os últimos 200 metros do pouco mais de quilômetro e meio que separava a residência daquele destino.

_____O menino de doze anos segura-se no pai não somente com a intenção de equilibrar-se, mas para também proteger-se do frio que vez por outra incomodava seu peito, chegando a provocar crises de bronquite. Na condução do veículo um homem de quarenta e poucos anos aumentava sua atenção, por ser aquela rua relativamente estreita.

_____Embora às seis e meia da manhã não houvesse tanto trânsito, a neblina permitia enxergar em torno de 30 metros e exigia cuidado, já que, como a via possuía duas mãos de direção, qualquer imprudência ou desatenção naquele piso de asfalto poderia acarretar sérias consequências ao ciclista e seu acompanhante.

_____Por detrás do tronco do homem o garoto via uma paisagem esfumaçada, que aos poucos se descortinava. A calçada do lado direito se deitava aos pés de um muro interminável, ladeando uma antiga estação ferroviária desativada havia poucos anos.

_____Olhando para a outra calçada, apesar de o menino conhecer quase de cor as casas que se sucediam, a nitidez que paulatinamente se desenrolava parecia trazer sempre uma surpresa. Algumas vezes era uma residência com luzes acesas contrastando com outras às escuras, uma pessoa que abria o portão, um gato sobre o terraço, um cachorro que se punha a latir... O revelar da névoa sempre vinha com uma singela novidade a ser percebida.

_____Logo mais a bicicleta parava sob a vigilância de um enorme barracão tomando um quarteirão todo, que mostrava seu semblante de engolidor de homens. Feito um formigueiro humano, os operários entravam por uma porta estreita para registrar o horário de chegada. Uma sirene logo começaria a gritar anunciando o início do trabalho pesado, que se estenderia até próximo do anoitecer.

_____Mesmo sendo de poucas palavras, o olhar que o homem da bicicleta dirigia ao filho era carregado de significados como “vai com Deus, cuidado, atenção, e até breve, lá em casa”. Por outro lado, o “tchau, pai!” queria dizer “obrigado por me trazer até aqui”, repleto de admiração e respeito.

_____Já devidamente trajado com o uniforme, o garoto caminhava duas quadras até chegar ao Colégio para a atividade semanal de Educação Física. O ano de 1972 seria o último de aulas desse tipo, porque no ano seguinte estaria dispensado daquela Disciplina. Contudo, ainda precisaria acordar naquele horário, já que começaria a trabalhar o dia todo e estudar no período noturno. Essa era uma exigência da “Dona Necessidade”.

_____Todos os dias, no parte da tarde, o menino caminhava essa mesma distância (ida e volta) para as demais aulas curriculares. Vez por outra, no entanto, ele fazia esse trajeto pouco antes do almoço a fim de levar uma cesta de comida ao pai, para que este pudesse ter uma refeição “mais quentinha”, pois havia entrado para o trabalho por volta das 5 horas da manhã.

_____Quando isso acontecia, o garoto aguardava pelo pai na porta de entrada da Metalúrgica e podia observar o ambiente. O que mais chamava a atenção era o movimento de operários em meio a faíscas que saltavam de panelas em brasa em dias de fundição, além do barulho e calor reinantes. No retorno para casa, era comum ter marcas de pequenas queimaduras na roupa de serviço e algumas vezes até na própria pele.

_____O menino olhava para o pai com orgulho, por saber que tinha sempre próximo de si alguém capaz de vencer labaredas fumegantes, feito fogos cuspidos por dragões. Não bastasse isso, o adulto foi cortador de cana “na palha” quando criança, embrenhando-se pelo canavial, sujeito a picadas de cobras, aranhas e escorpiões. Assim, o filho olhava para o pai como se este fosse um herói. Pode soar como exagero? Não para aquele garoto.

_____Não bastasse superar todas as adversidades da vida, o pai ainda foi capaz de um ato ainda mais marcante e crucial. Quanto este menino tinha 6 anos, um descuido fez com que caísse numa pequena lagoa, que apesar de pouca profundidade, teria sido suficientemente fatal para alguém de sua idade, não fosse a pronta intervenção paterna. Afinal, o menino tinha ou não razões de sobra para ver no pai um Herói?...

_____Mas heróis também envelhecem e adoecem. Por ser de carne e osso, ele esteve ao sabor de tudo que a vida é capaz de trazer, inclusive um recente revés. Quando ouviu o diagnóstico do médico, dizendo que seu caso de saúde era bastante delicado e que teria um tratamento a ser feito, o velho surpreendeu pela serenidade nas palavras:

_____ Eu não tenho do que reclamar. Eu tô com 91 anos e quantos chegam aos 90?... Se tem um tratamento pra fazer, eu vou fazer, então! Eu não sou diferente de ninguém, não é verdade?

_____Assim, os meses foram passando e ele foi perdendo a força, aos poucos vendo-se privado de caminhar, depois quase preso a uma cama e foi ficando mais leve. Cada dia mais leve e mais leve... Até que, finalmente, o herói voou!...

_____Aquele menino, depois de crescido e agora com alguma vivência, escreve este texto dois meses depois da partida do pai. O próximo domingo será o primeiro “Dia dos Pais” sem a presença daquele que lhe deu a vida, salvou sua vida e foi (e sempre será) um exemplo de vida.

_____Hoje em dia, quando passo pela rua que leva onde existia a Indústria Metalúrgica, eu vejo o mesmo muro da antiga estação, que agora é um parque arborizado para caminhadas públicas, e ali a natureza continua a primaverar, veranear, outonear e invernar, seguindo os trilhos de viagens que o tempo leva.

_____Atualmente as manhãs de neblina são mais raras. Mas acredito que o futuro seja semelhante à neblina que vemos na paisagem. Algo que vai se revelando aos poucos diante de nossos olhos e, apesar de pensarmos saber o que vem pela frente, sempre iremos nos deparar com todo tipo de surpresas pelo caminho.

_____Tomando por base a frase dita ao médico pelo meu pai, posso dizer que tenho pouco a reclamar. Afinal, quem tem a dádiva de conviver com seu pai por mais de 60 anos? O que me resta é agradecer (e muito!) por tudo que ele representou e ainda significa na minha vida.

_____Feliz “Dia dos Pais”!... Para todos os pais que ainda têm os filhos ao seu lado... E também para aqueles que se foram e nunca sairão do coração! 


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AUTORPaulo Cesar Paschoalini
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OBSERVAÇÃO: A crônica é uma homenagem ao meu pai, que nos deixou há dois meses, depois de sua luta pessoal. No próximo domingo, dia 13/08, é comemorado no Brasil o "Dia dos Pais" e eu quero deixar esse texto como minha eterna gratidão a ele.
 < CURRÍCULO LITERÁRIO E PREMIAÇÕES > 
COMENTÁRIO: O texto foi publicado no blog da "Revista Vicejar" em 10.08.2023, onde o escritor possui vários textos de sua autoria, atuando como Colaborador do blog e do site. Para ler mais acesse:
BLOG DA REVISTA VICEJAR: http://revistavicejar.blogspot.com/
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segunda-feira, 7 de agosto de 2023

MINHA POESIA:

HUMANO: 

Ter um pouco mais idade 
é poder olhar para trás 
e observar eventuais erros 
que foram sendo cometidos, 
nas várias fases da vida... 

E ao invés de se censurar, 
se cobrar ou se penitenciar,
encontrar em cada um lições,
descobrindo-se leve, inteiro 
e confortavelmente humano.

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AUTOR: Paulo Cesar Paschoalini
(Protegido por Lei de Direitos Autorais, 9.610/98)
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