Paulo Cesar Paschoalini

Paulo Cesar Paschoalini
Pirafraseando

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domingo, 12 de outubro de 2025

MINHA POESIA:

Faz de conta 



Outro dia mesmo estava me divertindo,
assim meio descuidado, meio distraído,
e pelas brincadeiras de infância atraído.

Vieram outros dias, outras noites,
e, então, o tempo, sorrateiramente,
foi levando para longe de mim, dia após dia,
o pião que fazia girar as minhas fantasias;
as bolinhas de sabão, que eram meu alento,
foram desmanchando-se ao sopro do vento.

O faz de conta, os pés descalços, as “partidas”,
o “bate-bola” nos campinhos de terra batida;
as alegres brincadeiras de “esconde-esconde”,
me escondiam do mundo adulto, não sei onde.
Enfim, até me dar conta que chegou o dia
de que esconder já não mais conseguia.

Eu não gostei de ter crescido, realmente.
Vez por outra eu me perco à minha procura.
Eu queria ter de novo aquela estatura,
aquela inocência, aquela candura.
Não queira esse mundo de loucura,
onde a verdade se vai e a mentira perdura.
Eu queria ser um menino eternamente.

Na verdade sou criança, apesar da aparência,
e luto para não ser adulto, com veemência,
para não adulterar de vez a minha essência.

O pião perdeu-se num mundo que continua a girar,
as bolinhas de sabão desfizeram-se de vez pelo ar
e nas ruas asfaltadas meus pés calçados vêm pisar.

Mas eu sigo brincando de esconde-esconde, contudo,
com o tempo que insiste em transformar tudo;
faz de crianças alegres, adultos sisudos;

Meu corpo de adulto pelo tempo foi esculpido,
embora me sinta criança, num corpo crescido,
com roupas de adultos, mas espírito despido.

Quanto mais ele muda, mais me contraponho,
pois muda um reino encantado de sonhos,
em um mundo ainda mais infeliz e tristonho.

Cresci e não gostei; isso me desaponta.
Por isso mantenho esse desejo oculto,
insistindo em brincar de faz de conta,
“fazendo de conta” que sou adulto.

Este texto poético consta do livro "Mar adentro, mundo afora", páginas 19 a 21.
Para adquirir a obra, acesse o site da Editora Clube de Autores através do link: 

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_____No dia 12 de outubro é comemorado no Brasil o "Dia das Crianças".

_____Esta poesia não é uma ratificação da chamada "Síndrome de Peter Pan", que é aceita na Psicologia como uma dificuldade de enxergar-se como adulto ou a negação dessa condição, justamente na fase madura da vida.

_____Ao invés disso, é a constatação de estar vivenciando a chamada fase intermediária entre a infância e a velhice, mas desejando, de maneira utópica, regressar cronologicamente a uma etapa considerada feliz, que passou de maneira tão fugaz.

_____É, de forma silenciosa, lançar mão de palavras que evocam um sentimento que transita entre a melancolia, capaz de ferir, e o consolo da lembrança de momentos alegres vividos pela criança, que ainda habita o meu ser e que vez por outra socorre-me de situações em que não me encaixo, diante de uma realidade que julgo que já não me serve.


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AUTORPaulo Cesar Paschoalini
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COMENTÁRIO: O texto foi publicado no blog da "Revista Vicejar" em 11.09.2025, onde o escritor possui vários textos de sua autoria, atuando como Colaborador do blog e do site. Para ler mais acesse:
BLOG DA REVISTA VICEJAR: http://revistavicejar.blogspot.com/

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quarta-feira, 10 de setembro de 2025

MINHA POESIA:

SONHADOR: 


Às vezes me inquieto com o futuro, 
mas, no fundo, eu sinto pena dele; 
é menor que meus sonhos, asseguro. 

Ah!... se soubessem, meu Senhor, 
quantos futuros podem caber 
na alma de um sonhador! 

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AUTOR: Paulo Cesar Paschoalini
[ Protegido por Lei de Direitos Autorais, 9.610/98 ]
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sábado, 30 de agosto de 2025

MINHA CRÔNICA:

Luzes que vagam na lembrança 



_____Desde o início deste ano tenho me lembrado com frequência da casa onde nasci. Uma casinha bem simples, construída no fundo de um terreno, e que tinha apenas três cômodos. Sala, cozinha e um único quarto, com um banheiro do lado de fora, próximo a um pequeno rancho que abrigava o tanque de lavar roupas. 

_____Ficava na última rua do bairro, sem asfalto. Para dar mais “segurança”, uma cerca de bambu foi “edificada” na frente da casa, a poucos metros do acanhado terraço da sala. O chão de todos os cômodos era de tijolos e no alto as telhas eram visíveis, pois não havia forro. Isso quer dizer que no verão o interior da casa era “um forno” e no inverno as frestas não davam conta de segurar o vento frio, se muito forte. 

_____Moramos nela até quando eu tinha pouco mais de seis anos e depois mudamos para uma nova casa na frente do mesmo terreno, dessa vez com todo o “luxo” de se ter quatro cômodos; ou seja, um dormitório a mais. Desse modo, deixamos de habitar uma casinha de fundo, para viver numa outra em que um vitrô e uma janela tinham a calçada por companhia. A rua continuou sem ser pavimentada ainda por mais algum tempo. 

_____Apesar das dificuldades, tenho muita saudade de como a vida era simples. Sem ter aparelho de televisão, ao anoitecer a simplicidade convidava as crianças a olharem para o céu e observar as estrelas. Ou, então, admirar as “estrelas voadoras”, querendo iluminar as verduras da pequena horta, ou esparsas margaridas na cabeceira dos poucos canteiros. 

_____Era maravilhoso ter alguns singelos pontos brilhantes, numa época em que não era comum instrumentos portáteis, pois o uso de objetos com pilhas ainda era uma raridade para o poder aquisitivo da maioria. Para clarear aqui ou ali, era preciso servir-se com cuidado de uma lamparina com querosene. Tarefa essa destinada a um adulto, é claro! 

_____Desse modo, numa atmosfera de luzes tímidas e escassas, ali diante de nossos olhos, podíamos ver o bailado encantador de alguns vagalumes. Depois de crescido vim saber que também são conhecidos como pirilampos. Mas porque agora fui me lembrar de vagalumes? 

_____Curiosamente (mas foi muita coincidência, mesmo!), numa dessas noites da semana passada, vi no chão da minha cozinha um inseto, com todas as características de um vagalume. Cheguei a ficar em dúvida, mas o menino que mora dentro de mim afirma categoricamente tratar-se de um vagalume. 

_____Minha filha nunca viu um deles e, por essa razão, pensei em chamar ela e minha esposa, mas desisti. Como em nenhum momento o inseto esboçou qualquer sinal de luz, parecendo não estar portando sua “lanterna natural”, tudo que fiz foi recolhê-lo com cuidado numa pequena recipiente e colocá-lo próximo a algumas plantas, no pequeno jardim do lado de fora. 

_____Logo depois de entrar e fechar a porta, o olhar percorreu o ambiente onde moro e um “filme” passou rapidamente pela minha mente. De uma residência de três cômodos, para uma casa com mais conforto. No interior dessas paredes, objetos que simbolizam alguns sacrifícios e alegrias de se chegar até aqui. 

_____A diferença também podia ser percebida no lado de fora. Foquei o olhar na direção do lugar escuro em que tinha deixado o vagalume e tentei buscar pelo menos um mínimo de luz, mas não vi nenhum vestígio. 

_____Tornei a recordar da casinha onde nasci. Apesar de não morar mais nela, constatei que ela continua a morar dentro de mim. Lembrei também das luzes dos vagalumes e de toda a magia que elas continham. 

_____Mas somente agora me dei conta da intensidade delas. E de tão intensas, atualmente chegaram a provocar certo incômodo nos meus olhos, a ponto de verterem algumas gotas de saudade para aplacar o ardor de lampejos intermitentes, de um tempo que repousa num canto qualquer da memória. 

Texto selecionado para compor a "Coletânea Lugar no Coração", Projeto Apparere, da "Editora PerSe - Publique-se", da cidade de São Paulo-SP, editada no ano de 2025. 



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AUTORPaulo Cesar Paschoalini
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COMENTÁRIO: O texto foi publicado no blog da "Revista Vicejar" em 30.08.2025, onde o escritor possui vários textos de sua autoria, atuando como Colaborador do blog e do site. Para ler mais acesse:
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terça-feira, 19 de agosto de 2025

MINHA CITAÇÃO:

HUMANIDADE: 


“A humanidade está vivendo 

um momento de gritante divergência. 

Estamos nos comportando como 

a melhor experiência da matéria, 

mas o pior resultado do espírito.” 


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AUTOR: Paulo Cesar Paschoalini
(Protegido por Lei de Direitos Autorais, 9.610/98)
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19 DE AGOSTO: "DIA MUNDIAL HUMANITÁRIO"

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sábado, 16 de agosto de 2025

MINHA POESIA:

AVESSO: 


Às vezes me apanha à deriva o peito. 
Sinto-me náufrago querendo porto; 
um ponto final buscando recomeço. 

Às vezes não me entendo direito. 
Somente me entendo quando torto, 
ou quando vasculho meu avesso. 

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AUTOR: Paulo Cesar Paschoalini
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quinta-feira, 14 de agosto de 2025

MINHA CITAÇÃO:

RAÍZES DO CORAÇÃO: 

 

“É no coração

que estão as raízes

que absorvem sentimentos,

fazendo desabrochar

o encantamento

à flor da pele.” 


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AUTOR: Paulo Cesar Paschoalini
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14 DE AGOSTO: "DIA DO CARDIOLOGISTA"

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