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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

UMA POESIA...


Alguém muito especial

Todo dia, ao acordar,
logo penso em ALGUÉM.
ALGUÉM que venho a amar
como jamais amei ninguém.

É esse ALGUÉM quem me dá forças,
sem ao menos eu precisar.
Com ELE posso muitas coisas;
tudo o que eu imaginar.

Quando nós nos conhecemos,
foi apenas atração.
Hoje, porém, convivemos
com harmonia e devoção.

O nosso dia-a-dia
é repleto de alegria.
Se a tristeza tenta ancorar,
nem consegue nos desanimar.

Não há nada nesse mundo
capaz de me convencer.
Podem até tentar de tudo,
esse ALGUÉM nunca vou esquecer!

Vocês devem estar pensando:
De QUEM é que estou falando?
Pois então, prestem atenção:
Estou falando de JESUS CRISTO,
Meu amigo, nosso irmão!

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AUTOR: Alexandre Sesso, de Piracicaba-SP.
Texto publicado no Jornal de Piracicaba, edição de 25/12/2010.
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COMENTÁRIO - Paulo Cesar Paschoalini:
Recebi esta poesia de Alexandre Sesso, pai do Vítor, coleguinha de classe de minha filha. O Alexandre é uma dessas pessoas que a gente tem prazer em conhecer, mas essa vida corrida dificulta um pouco estreitar ainda mais o relacionamento. Agradeço pelo envio do texto e por autorizar a publicação. Uma mensagem de Natal, numa época em que muito se fala em presentes, mas pouco sobre espiritualidade.
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domingo, 28 de novembro de 2010

MINHA CRÔNICA:


O sonho não acabou
“... Me diz como pode acontecer, um simples canalha mata um rei, em menos de um segundo.” (Beto Guedes e Ronaldo Bastos em “Canção do novo mundo”)
No dia 8 de dezembro de 1980 o mundo despertou perplexo com o assassinato de John Lennon. A boca da arma de Mark David Chapman, um fanático (sempre eles!), calou para sempre a voz do ex-Beatle, com cinco tiros à queima-roupa. Uma atitude que até hoje suscita dúvidas quanto ao que motivou esse lunático a cometer tal ato de covardia. Existem fortes suspeitas de que Chapman foi apenas o executor e não o mentor do assassinato.

Arquivos do FBI divulgados na década de 90 revelaram uma preocupação das autoridades dos Estados Unidos com o músico, que tinha um estilo de vida pouco convencional para a época. Seus passos eram seguidos de perto e cada atitude de Lennon era objeto de investigações secretas e consequente fichamento por parte do “Bureau” norte-americano, que o considerava uma ameaça, já que ele cometia o “absurdo” de se posicionar abertamente contra as guerras, especialmente a do Vietnã, e pregava a paz através de manifestações públicas ou em suas composições, com em “Give peace a chance” (Dê uma chance à paz), gravada em 1969.

Porém, sua maior obra na carreira solo foi gravada dois anos mais tarde. “Imagine” se tornou o hino de uma geração e, com os acontecimentos do mundo de hoje, está mais atual do que nunca.

“... Imagine não existir países. Isso não é difícil de se fazer. Sem matar ou morrer e sem religião também. Imagine todas as pessoas vivendo a vida em paz...”

Para muitos essa música, que nos convida a uma reflexão, tem um conteúdo utópico. Para Lennon, no entanto, trata-se de um sonho perfeitamente possível de tornar-se realidade.

“... Você pode dizer que eu sou um sonhador, mas eu não sou o único. Eu espero que algum dia você se junte a nós e o mundo será um só.”

Quase quarenta anos depois de “Imagine”, quanto matar e morrer em nome de religiões ou fronteiras! Como é difícil viver em paz atualmente! Na música “Comentário a respeito de John” o compositor Belchior, em parceria com José Luis Penna, destaca a dificuldade em se conseguir a felicidade e a paz: “...John, eu não esqueço, a felicidade é uma arma quente.”

Realmente, pode parecer impossível mudar o mundo todo. Mas uma grande transformação só começa a se processar através de pequenas ações. Basta começarmos a mudar a nós mesmos e, a partir daí, pequenas mudanças para melhor ocorrerão, mesmo que seja apenas no pequeno mundo ao nosso redor. Quem sabe assim, aos poucos, um dia “o mundo será um só”, como sonhava John Lennon.

Aquela “árvore” que caiu há 21 anos espalhou suas sementes em todas as direções e a qualquer momento brotarão, para um dia darem os frutos esperados. Pena que essas sementes têm sido regadas apenas por lágrimas ultimamente. Infelizmente não nos damos conta de que a paz e a felicidade estão tão perto. Basta cultivá-las dentro de cada um de nós que certamente elas germinarão um dia qualquer.

Apesar de estarmos próximos de lembrar os 30 anos da morte de Lennon, gostaria de destacar também os demais Beatles, que não só marcaram uma geração como continuam a influenciar músicos atuais. Paul McCartney, que esteve recentemente no Brasil para realização de shows inesquecíveis, sempre com lotação esgotada. Tudo o que for dito sobre Paul deixará cada vez mais evidente sua genialidade, talento e carisma, ainda arrastando multidões. Melhor do que falar sobre ele é ainda ter o privilégio de ver suas apresentação e ouvir suas canções, mesmo que pela TV.

Já Ringo Star continua a ser discreto e, pelo que consta, com pouca ou quase nenhuma aparição pública.

Sobre George Harrison, outro Beatle falecido, pode-se dizer que o guitarrista dos Beatles era alguém sensível e talentoso e, por isso mesmo, não menos importante que os demais. Na carreira solo, encontrou o espaço que precisava para mostrar que também era um compositor extraordinário. Além do mais, deixou evidenciada a sua tendência espiritual, principalmente quando gravou em 1971 a música “My sweet Lord”, além de sua preocupação com as causas humanitárias. Também foi vítima de um atentado, sendo esfaqueado no peito por Michael Abram, um fanático (olha outro aí!) que invadiu a sua casa em Londres em 1999. Apesar desse fato isolado, viveu em paz consigo mesmo e sempre buscando uma integração harmoniosa com o universo.

Apesar de suas músicas imortais, cada integrante dos Beatles segue o caminho de qualquer outro mortal. Aos poucos, cada sonhador faz dos sonhos a sua realidade possível e sai de cena do palco da vida. Mas, na verdade, o sonho não acabou. Apenas a cada dia se renovam os sonhadores.

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AUTOR: Paulo Cesar Paschoalini
- Crônica publicada na página A-2 do Jornal de Piracicaba, de 08/12/2001.
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COMENTÁRIO: O texto acima foi ligeiramente alterado da crônica original, levando-se em conta os dados atuais, como os shows de Paul McCartney que foram acrescentados, além da menção do tempo decorrido dos fatos.
Agradecimento especial a Joacir Cury, na época Editor Chefe do "JP", pela publicação da crônica.
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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

UMA CRÔNICA...


Uma eleição para esquecer

Embora tivesse escrito dias antes do segundo turno das eleições presidenciais de 2010, fiz questão de divulgar estas linhas apenas depois do “fato consumado”, para não ser taxado de apoiador deste ou daquele candidato.
Devo confessar que fiquei decepcionado com o resultado desta eleição. Não pelos números de votos que cada concorrente ao cargo máximo do governo teve, mas por tudo o que cercou essa corrida presidencial, em especial na internet.

Vi minha caixa postal de e-mails sendo bombardeada de informações bizarras e sem o menor fundamento. Sei que nenhum dos dois candidatos é modelo de santidade e nem têm um passado exemplar, mas aquilo que li foi de amargar.

De início achei engraçado, mesmo porque boa parte dos e-mails ou ridicularizavam a imagem deles, às vezes de maneira criativa, ou passavam informações tão fora de propósitos que acreditava ser piada. Afinal, bom humor faz bem a saúde.

O problema foi quando começaram a aparecer os tais e-mails divulgando “fatos comprovados”, “dados verdadeiros” e “opiniões indiscutíveis de pessoas renomadas”. Aí a situação ficou lamentável!

Informações infundadas, fatos distorcidos, números apresentados de forma isolada para distorcer a realidade de sua origem, entre outros expedientes, inundaram minha caixa postal e quase mataram por afogamento meu senso crítico. Além, é claro, daquelas tais meias verdades, que carregam em sua metade avessa um prejuízo muito maior do que uma mentira por inteiro.

Não me julgo profundo conhecedor do assunto, mas procuro me manter bem informado, na medida do possível, principalmente não aceitando informações como realidades incontestáveis sem antes checar fontes e analisar sob a ótica do bom senso.

Infelizmente, a grande maioria do que se noticiava não cabia num molde mínimo de verdade sob os olhares de uma consulta criteriosa de fatos e dados, ou uma análise imparcial de opiniões.

Há mais de dois milênios e meio o filósofo grego Sócrates ensinou a aplicação, em situações como a de agora, daquilo que ele chamava de “as três peneiras”: a da verdade, a da bondade e a da utilidade. Caso não atravessasse uma delas que fosse, não havia razão para se passar uma informação adiante.

Parece que tantos séculos depois ainda não aprendemos a lição! Qual destas notícias passaria pela primeira peneira?

Sei que alguns vão evocar Maquiavel, alegando que “os fins justificam os meios”, na defesa de algum candidato que acreditem ser “muito melhor”, ou para exorcizar um candidato que julguem ser “muito pior”. Mas qual a nobreza desse fim, afinal de contas?

Seria para alcançar um maior nível de compreensão e politização de seus pares, com um debate mais consubstancial de idéias, ou apenas para garantir sua convicção político/partidária, reafirmando seu ego de dono da verdade? Se esse é o fim, creio que jamais haverá meios que o levem a um termo justo.

Assim, nessa ânsia de provar a qualquer custo sua pretensa verdade, vão para o espaço a lisura, o caráter e os princípios, cravando dentro da alma uma terrível dúvida: se agimos dessa forma em casos como esse, será que se estivéssemos no lugar dos tão mal afamados políticos eleitos faríamos diferente do que eles fazem? Temo que a diferença seja apenas uma questão de abrangência do meio afetado.

Tenho convicção de que cada um pode e deve defender seu ponto de vista político, mas é preciso que fique claro que em política não existem cordeiros e, portanto, em parte, todos podem ter sua dose de razão. Não cabe neste tipo de discussão a visão maniqueísta que os divide entre aqueles que representam o bem e aqueles que encarnam o mal.

Mais do que isso, acredito firmemente que a função de cada cidadão é informar e não desinformar ou deformar fatos. Aliás, antes ainda, é informar-se, a fim de que o eco de suas palavras sirva para lançar mais luz aos incautos e não vendar-lhes ainda mais os olhos.

Por isso, essa propagação desenfreada de “verdades cibernéticas” traz um dano tal ao senso de realidade dos cidadãos menos politizados que, se não for mudado nos próximos pleitos, receio, poderá demorar gerações para ser reparado.

Lamentavelmente, o verdadeiro resultado dessa eleição, aquele que fica oculto sob o véu dos números da apuração, mostrou um despreparo ético e moral da maioria daqueles que defendem seu candidato muito maior do que o despreparo intelectual dos eleitores, algo já patente em nossa nação.
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AUTOR: Alex Francisco Paschoalini - Escritor, autor dos livros "Caminho das flores" e "Sociedade dos Sete Caminhos". É Psicoterapeuta Holístico e seu blog é http://centroelemental.blogspot.com.
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COMENTÁRIO - Paulo Cesar Paschoalini:
Crônica pertinente ao momento, onde gostaria de destacar o equilíbrio e imparcialidade com que abordou o tema, numa época em que a "deformação" passou a ser mais importante que a própria informação.
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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

MINHA CRÔNICA:


Fábrica de heróis

A revista “Veja”, da Editora Abril, em uma das edições de agosto de 2009 trouxe em sua capa uma foto do nadador brasileiro César Cielo, com a seguinte manchete: “Enfim, um herói”. Sem dúvida uma justa homenagem a esse atleta nascido em Santa Bárbara D’Oeste, estado de São Paulo, que fica coladinha com Piracicaba, cerca de 30 km. O que chamou a atenção, no entanto, foi o termo “herói”, que eu me perguntei se seria o mais adequado. Afinal, necessitamos realmente de heróis?

Ao longo de minha vida, tinha aqui comigo que “herói” é aquele sujeito capaz de colocar a própria vida em risco para salvar alguém ou algo de relevância para a comunidade onde vive, que é mais ou menos próximo a uma das definições do Dicionário Aurélio: “Homem extraordinário por seus feitos guerreiros, seu valor ou sua magnanimidade”.

O termo “herói” muitas vezes pode ser utilizado no contexto de “salvador”, ou, mais precisamente, o desejo latente e a necessidade urgente de se ter um “salvador da pátria”, que possa nos redimir de tantos absurdos. Isso nos remete à uma frase de Millôr Fernandes: “Um país que precisa de um salvador, não merece ser salvo”.

É claro que tem expressivo valor o fato de ter batido o recorde mundial de natação e a conquista de duas medalhas de ouro no Mundial da modalidade realizado em Roma. Por esse feito extraordinário eu diria que ele é o mais novo ídolo do esporte brasileiro, mas seria realmente isso um ato de heroísmo?


Não sei ao certo se rotular alguém de herói é uma imposição da mídia ou uma necessidade da sociedade. Curiosamente, a mídia tem usado o “herói” sempre vinculado a uma figura do esporte.

Como exemplo, lembro-me muito vagamente que a crônica esportiva se esbaldou em chamar a seleção de 1970, de Pelé & Cia. de “Heróis do Tri”. Depois disso, recordo que o termo foi amplamente associado à figura de Ayrton Senna, tanto durante sua brilhante trajetória automobilística, como, principalmente, depois de seu falecimento, em maio de 1994. Com a morte desse piloto, meses depois a mídia já tratou de cultuar a figura de Romário como novo “herói”, em razão da conquista do tetracampeonato na Copa do Mundo daquele mesmo ano.

Assim que o “Baixinho” começou a sair de cena, devido às dificuldade um driblar polêmicas fora dos gramados, eis que surge em 1997 o tenista Gustavo Kuerten, que conquistou pela primeira vez o título de Roland Garros, um torneio do chamado Grand Slan, que seria a “nata” do tênis mundial. A repetição da conquista por mais duas vezes e o carisma de Guga colocaram-no como “herói” por muito tempo, até que o “cargo” ficou vago a espera de mais um sucessor. Depois da Copa de 2002, foi a vez de Ronaldo 
“Fenômeno”. Aí chegou César Cielo, mencionado no início dessa crônica. Convém lembrar que a cada interlúdio era a vez de dar destaque aos “heróis” de algumas das diferentes gerações do vôlei.

Entendo que o uso estaria inadequado, quase que banalizando um termo tão nobre. Entretanto, a vulgarização da palavra “herói” alcançou seu ápice quando Pedro Bial, que em certas ocasiões se comporta como um ex-jornalista travestido de apresentador barato de Reallity Show, passou a se referir aos participantes dos inúmeros Big Brothers como “meus heróis”.

Salvo esse caso, não me recordo de ter visto ou ouvido o termo “herói” ser usado com ênfase em qualquer outro segmento que não o esportivo. É inevitável uma indagação: será que heróis são somente aqueles que praticam esporte? Não existiria outro caminho para atos de heroísmo? O ideal não seria classificá-los como “ídolos”, o que, certamente, já seria uma grande deferência a atletas de renome?

A meu ver, heróis são aquelas pessoas anônimas, que diuturnamente dedicam, ou mesmo arriscam a sua vida para melhorar ou até salvar a vida de outro ser humano. Eu destacaria primeiramente o pessoal da área médica, que atende pessoas com doenças infecto-contagiosas, por exemplo. Também os bombeiros, que arriscam a vida em ocorrências que requerem sua presença. Ainda, policiais, que armados de um simples 38, enfrentam marginais munidos de “bazuca”. Vale destacar que a mídia dá muito mais destaque para fatos envolvendo policiais corruptos do que para aqueles que se ferem ou morrem no cumprimento do dever e que, diga-se de passagem, são muito mais do que imaginamos.

Além desses, temos ainda o cidadão comum que arregaça as mangas toda vez que uma catástrofe natural se abate sobre uma determinada região do país, assim como aconteceu alguma vezes em Santa Catarina. Ou, ainda, os mais diversos trabalhos voluntários praticados por abnegados Brasil afora.

Para a maioria das pessoas, as palavras “heróis” e “ídolos” se confundem. Existem algumas diferenças que para muitos pode ser mínima, mas que vejo como sendo significativas e relevantes: o ídolo é aquele sujeito que treina exaustivamente para aprimorar os dons que a natureza lhe deu, seja no esporte ou nas mais diversas expressões artísticas. Isso é de fato algo grandioso, que merece destaque na imprensa quando bem sucedido.


Já o ato de heroísmo é aquele quase sempre praticado por alguém do povo, que decide agir movido pela bravura, numa fração de segundos. É quase sempre movido por gestos de humanidade, mesmo sem se dar conta do risco a que está se submetendo.

É curioso notar que um ídolo normalmente é elevado a condição de herói e mantém seu lugar no “Olimpo” até quando perdure o interesse da mídia. Durante esse período, tem a oportunidade de engordar a sua conta bancária e ocupar as principais manchetes. Quando morre, é reverenciado pelos órgãos de comunicação e sua perda é lamentada por outras pessoas que, na maioria das vezes, também já se beneficiaram de exposições na imprensa.

Já o cidadão comum, quando comete um verdadeiro ato de heroísmo, nunca alcança a condição de ídolo, sendo condenado ao ostracismo. Seu padrão de vida será o mesmo de sempre e o interesse dos jornais e revistas, quando acontece, é de umas poucas linhas no rodapé de uma coluna qualquer, mantendo-se para sempre no anonimato, até que a morte o leve daqui, sem que tenha recebido o merecido reconhecimento.

Para finalizar, por falar em termos usados pela imprensa, eu destacaria um outro, que tem sido largamente publicado: “Congresso”. Hoje em dia por causa dos senadores, outrora por mazelas de deputados. Lembro-me que quando adolescente era guarda-mirim no CENA - Centro de Energia Nuclear na Agricultura, em Piracicaba-SP, trabalhando como uma espécie de “office boy”. Uma das minhas funções era entregar correspondências aos pesquisadores, nos diversos departamentos. Era comum ver cartas do exterior relativas aos mais variados tipos eventos. Congresso Latino-Americano, Congresso Ibero-Americano, Congresso disso, Congresso daquilo... Eu sentia imensa admiração e respeito por aqueles “congressistas”.

Hoje o termo está tão desgastado, porque não dizer deteriorado, que, pelo jeito, os pesquisadores e cientistas resolveram optar por chamar tais eventos de Seminários, Simpósios ou Conferências, talvez por não carregarem o rótulo pejorativo de “congressistas”. Aí você perguntaria: o que tem a ver “ídolo” e “herói” com “Congresso”?

De fato, rigorosamente nada. No Congresso Nacional não temos nenhum ídolo, muito embora na reeleição de muitos deles fique caracterizada uma certa idolatria de parte do eleitorado. Heróis, com certeza nenhum deles é. Pelo contrário, a maioria está mais para “anti-heróis”, ou porque não dizer, “vilões”.


Eu poderia dizer que a única relação entre o início e o final do texto, é que agora eu chego a conclusão de que realmente estamos precisando de heróis... Mas heróis de verdade... Aliás, super-herói... Creio que apenas um não conseguiria dar conta de tantos inimigos do povo. O melhor seria que tivéssemos muitos super-heróis, já que o que mais temos ouvido ultimamente é que existem maracutaias de congressistas “saindo pelo ladrão”.

Ladrão???... Opa!!!

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AUTOR: Paulo Cesar Paschoalini

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COMENTÁRIO:
Este texto está disponível na intranet do Banco do Brasil S/A - Acesse Sua Área - Cadernos - Palavras Cruzadas, publicado pela VITEC-Brasília em 10/09/2009 e acessível para mais de 100.000 funcionários.
Muito embora tenha sido publicada em 2009, entendo que o conteúdo é pertinente, já que estamos em plena época de eleições, onde muitos tendem a buscar por "heróis" nessas ocasiões.
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sábado, 26 de junho de 2010

UMA CRÔNICA...


Diversidade x Competitividade

Já se tornou senso comum a inexistência de uma fórmula para o sucesso das organizações, onde em meio a mudanças constantes promovidas pela crescente globalização e ao alto nível de competição imposta pelo mercado, as empresas e os seus respectivos gestores vêm empreendendo esforços no sentido de alcançar a tão sonhada sustentabilidade.

E para que essa jornada rumo ao excelente seja bem sucedida, os pensadores e cientistas da moderna gestão administrativa têm se valido das características demográficas do Brasil para viabilizar o surgimento de um novo modo de administrar. Esse novo modelo de gestão deve levar em consideração a riqueza cultural, a qual é o resultado do processo histórico ocorrido neste país desde a sua colonização pelos portugueses.

Os descendentes dos povos da África, dos Índios e europeus temperam essa salada cultural que hoje é a nação brasileira. No entanto, essa mistura não produziu equidade, e as injustiças cometidas no passado colonial escravocrata perpetuam-se até hoje, de forma a manter aberta a chaga da desigualdade social dentro e fora do ambiente organizacional.

A diversidade cultural e étnica deve ser a carta na manga dos gestores da atualidade, não apenas para produzir bons resultados para a organização, mantendo-a no patamar satisfatório de desempenho diante do mercado, mas também para transformar a realidade social dos seus colaboradores, possibilitando equidade na remuneração e nas oportunidades de crescimento.

Sendo assim, acredito que a empresa que tratar a diversidade de forma eficiente, produzirá muito mais do que se imagina, responsabilidade social e uma nação verdadeiramente justa.
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AUTOR: Gilberto de Lima Coelho Júnior - Graduando em Administração de Empresas do oitavo semestre pela Faculdade São Tomaz de Aquino, em Salvador-BA, que possui convenio com o PROUNI. Este texto está disponível na intranet do Banco do Brasil > Acesse Sua Área > Cadernos > Palavras Cruzadas, publicado pela VITEC-Brasília em 28.10.2009 e acessível a mais de 100.000 funcionários.
O texto foi publicado no site www.adminstradores.com.br
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COMENTÁRIO - Paulo Cesar Paschoalini:
O Gilberto é um cronista residente em Salvador-BA, e trabalhou como estagiário do BB e colaborador do caderno "Palavras Cruzadas". Quero deixar registrado meu agradecimento por autorizar a publicação desse texto, que, pela qualidade, também está disponível no site www.adminstradores.com.br.
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segunda-feira, 24 de maio de 2010

MINHA CRÔNICA:


A sorte mora num fim de mundo

Essa crônica foi publicada novamente em 27 de julho de 2015, em razão de ter sido um dos 7 textos selecionados dentre 176 inscrições para a modalidade "Crônica", e recebeu a 3ª Menção Honrosa no "XXXVIII Concurso Literário Felippe D'Oliveira - Edição 2015", da cidade de Santa Maria-RS.


O texto original foi corrigido e revisado, com a finalidade de ser enviado a esse tradicional certame gaúcho, que envolveu participantes de 15 estados do Brasil, além de países como Japão, Itália e Argentina, sendo que as alterações não mudaram substancialmente seu conteúdo.     

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AUTOR: Paulo Cesar Paschoalini
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Este texto está disponível na intranet do Banco do Brasil > Acesse Sua Área > Cadernos > Palavras Cruzadas, publicado pela VITEC-Brasília em 09.04.2010 e acessível a mais de 100.000 funcionários.
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segunda-feira, 10 de maio de 2010

UMA CRÔNICA...


A boa e velha rotina

Sempre achei interessante a forma como cada um de nós lida com a rotina. Seja ela agradável ou não. Bem, rotina significa tudo igual sempre, algo monótono, chato. Já li algo sobre rotina, o texto dizia que rotina só é ruim quando nos aborrece, no entanto, quando temos uma vida agradável, com conforto e regalias esquecemos até que essa palavra existe, logo, o termo rotina só é utilizado pra relacionar tudo que torna nosso dia-a-dia desconfortável.

Sou estagiário do Banco do Brasil há seis meses, aproximadamente. Fiquei encantado quando recebi a proposta do estágio. Afinal, todo estudante universitário gostaria de estagiar no BB. A bolsa é boa, o horário é flexível, enfim...tudo de bom.

Resolvi escrever este texto após entrar em contato com a intranet e ler algumas crônicas postadas na rede por funcionários do banco. Achei fantástico e fiquei muito entusiasmado. Li alguns textos e fiz até um comentário, o qual foi respondido pelo autor. Nada melhor que escrever sobre a rotina para torná-la menos entediante. Imediatamente pensei: será que estagiários também podem escrever? Não que eu seja um escritor ou algo do tipo, apenas gosto de expor meus pensamentos através da escrita.

Nos últimos seis meses conheci pessoas muito capazes, mas que estão limitadas pelo desenho organizacional da instituição, mas isso é uma outra estória. Nos textos que li, vi pessoas que sonham com um mundo melhor, escritores, cronistas, ou indivíduos comuns que buscam retratar o cotidiano de forma irreverente e descontraída, fugindo do marasmo da rotina.

Enfim, parabenizo todos aqueles e aquelas que tornam o cotidiano mais alegre com seus textos e poesias, com música, com sorrisos e abraços carinhosos, com palavras de ânimo, respeito, com olhares sinceros e amizades verdadeiras। Que a força esteja com todos vocês.


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AUTOR: Gilberto de Lima Coelho Júnior -
Graduando em Administração de Empresas do oitavo semestre pela Faculdade São Tomaz de Aquino, em Salvador-BA, que possui convenio com o PROUNI.
Este texto está disponível na intranet do Banco do Brasil > Acesse Sua Área > Cadernos > Palavras Cruzadas, publicado pela VITEC-Brasília em 20.07.2009 e acessível a mais de 100.000 funcionários.

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COMENTÁRIO - Paulo Cesar Paschoalini:
O Gilberto é um cronista residente em Salvador-BA, e trabalhou como estagiário do BB e colaborador do caderno "Palavras Cruzadas". Gostaria de deixar registrado meu agradecimento por autorizar a publicação desse texto, que tem um significado muito especial. Foi a primeira crônica de autoria de um estagiário, publicada num espaço destinado a participação de funcionários. Muito embora não houvesse restrição a participação deles, foi graças a sua determinação que o Gilberto tornou-se pioneiro.
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sábado, 10 de abril de 2010

UMA CRÔNICA...



O sítio

Depois de três horas de ônibus estava de volta ao velho sitio da minha avó. As coisas mudaram muito, mas ela continua a mesma: forte e sábia, mais sábia do que nunca. Não me pegou no colo, é verdade, mas também não tenho mais três anos.

Três décadas se passaram, ela está mais grisalha. É o tempo, pondo umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens (já disse o poeta). Ela esta só, irremediavelmente só. O companheiro de tantos anos e tantas lutas ficou no caminho. Sempre os invejei, sempre procurei nos meus romances essa eternidade do enquanto dure. Meus avós conseguiram. Nos momentos mais difíceis, se fortaleceram, nas crises se uniram mais, nas maiores dificuldades sempre prevaleceu o respeito e o compromisso, quando faltou grana sobrou compreensão. Mas agora é só ela.

O sitio continua lindo. Nestes campos, não passou a reforma agrária. Talvez nem precisasse. Aqui a agricultura é familiar. A plantação é orgânica. Transgênicos e agrotóxicos são temas distantes deste cotidiano. As folhas e as frutas continuam caindo das arvores na época certa.

Cada palmo deste chão, cada árvore, cada canto deste espaço, são meus na minha imaginação. Vão comigo nos sonhos. Perambulam pelo mundo sem sair daqui. Estão sempre prontos para me receberem, independente do tempo que levou, da saudade que se acumulou.

De manhã o orvalho espalha a umidade no ar, que nos faz sentir mais acordados, mais despertos, mais vivos. E os primeiros raios de sol, nos convidam para o café que vai dar forças para o dia todo. Então quando vem a chuva, o cheiro da terra molhada me alegra e me faz querer jogar bola no campinho das traves de madeira. Estou novamente na minha velha infância.

Nessa infância construída com os pés no chão, fica fácil descobrirmos quem somos, o que queremos, aonde vamos. Somos filhos da Terra, irmanados no compromisso de sobrevivermos ou sucumbirmos juntos.

E a noite, quando o mundo parece mais longe e o grilo canta mais perto, um certo aperto no coração me faz lembrar da Cidade Grande. Das misérias que o homem faz com o próprio homem. Dos filhotes dos homens que dormirão nas calçadas. Dos pais de família que não dormirão até que um novo sol os chamem para luta.

O sítio é bastião contra as humanas dores do cotidiano. É fortaleza indevassável, esperança que o futuro e o progresso possam vicejar. Redenção das agruras da Cidade Grande.

Um dia talvez volte para ficar।
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AUTOR: Charles Alessandro Santos Martins
- Este texto está disponível na intranet do Banco do Brasil > Acesse Sua Área > Cadernos > Palavras Cruzadas, publicado pela VITEC-Brasília em 15.03.2010 e acessível a mais de 100.000 funcionários.
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COMENTÁRIO - Paulo Cesar Paschoalini:
O Charles é um cronista residente em Curitiba-PR, funcionário do BB e colaborador do caderno "Palavras Cruzadas". Gostaria de deixar registrado meu agradecimento por autorizar a publicação desse texto com qualidade e conteúdo poético execepcionais. Descrição maravilhosa e carregada de sentimento.
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quarta-feira, 31 de março de 2010

MINHA CRÔNICA:


Senhor da razão

Quando menino, lembro-me que o tempo passava devagar e, como toda criança, tinha pressa de crescer, de ficar adulto. Fui me formando nos chamados graus escolares e procurando galgar os degraus que a vida me apresentava. Alguns ainda almejo; outros, porém, nunca quis.


Dentre as coisas que ouvi na vida, uma das mais marcantes foi, sem dúvida, que nós devemos fazer do obstáculo um degrau e não do degrau um obstáculo. Entretanto, ninguém nunca me disse como fazer para seguir quando nossas passadas são muito menores do que o obstáculo a nossa frente.

Sou de uma família de descendente de italianos, composta por pessoas que têm o coração maior do que a própria estatura. Tenho a satisfação de me encontrar com irmãos, cunhadas e sobrinhos em quase todos os aniversários que eles completam.

Na questão profissional, entrei no Banco do Brasil há 30 anos, mas parece que nem faz metade desse tempo. Pude sentir de perto a desvalorização da profissão de bancário. Na empresa, conheci cerca de meia dúzia de indivíduos, cujas atitudes lamentáveis não pareciam próprias de ser humano, em especial no trato com subordinados. Porém, uma infinidade de pessoas maravilhosas, muitas delas meus amigos particulares, que compensaram a minoria mencionada. Trabalhei com gestores com tanta obsessão por números, que nunca se deram conta que lidavam com gente. Em contrapartida, administradores que atingiam com competência os objetivos do Banco, com prioridade no relacionamento pessoal. Dos primeiros eu mal lembro dos nomes; os demais são inesquecíveis.

Ao longo dos meus 50 anos, completados agora em março, fica fácil perceber que “homo sapiens” tem se tornado cada dia mais um ser tecnológico do que humano. É triste saber que, hoje em dia, a população de um determinado lugar é medida muito mais pelo número de consumidores em potencial do que propriamente pelo de habitantes. Vejo que, na ânsia por um consumo desenfreado, o mundo está sendo consumindo pela ansiedade. Sinto que o dinheiro é como um vírus capaz de até mesmo matar, mas as pessoas não se importam em viver em constante estado febril. Tenho observado que a paz tem sido o intervalo entre as guerras, quando deveria ser um estado de espírito. E o pior disso tudo, é que fica fácil constatar todas essas deficiências nos outros seres humanos, mas é relativamente difícil consertar os nossos erros, por menores que sejam.

A vida chegou a causar algumas feridas, muito mais internamente do que à flor da pele, mas todas já foram devidamente cicatrizadas pelo tempo. Sei que devo ter magoado muita gente e, mesmo sem ter intenção, não tive o devido tempo para me desculpar. Por outro lado, muitas me feriram também sem querer e, sendo assim, meu coração já se encarregou perdoá-las. Se parar para pensar com atenção, verei que maioria das pessoas que cruzaram o meu caminho nem sequer se deram conta da minha existência, assim como devo ter ignorado um número expressivo de seres humanos que permearam minha caminhada.

No que se refere à vida particular, tendo muito mais a agradecer do que pedir. Vivi emoções maravilhosas, dentre as quais eu destacaria o meu casamento e o nascimento de minha filha. Tudo isso pode parecer piegas, mas todas as noites sou grato por fazerem parte da minha vida e não me imagino mais sem elas. Olho o mundo à minha volta e vejo uma grande quantidade de pessoas que não conheceram os pais, ou não tiveram a oportunidade de conviver com eles. Eu, entretanto, chego aqui tendo ambos vivos, próximos de mim e, dentro do possível, com saúde. Considero que isso seja uma benção que deva ser agradecida continuamente. Entre os revezes da vida, sobrevivi a cada perda de entes queridos para depois, a cada dia, morrer de saudades de todos eles.

Como a sociedade gosta de rótulos, agora sou o que chamam de “adulto maduro”, ou “meia idade”. Estatisticamente, já passei da metade de minha trajetória, mas aprendi com a vida que não devo confiar tanto assim em dados estatísticos. Cansei-me de conceitos pré-estabelecidos, mas sei que vivo envolto numa atmosfera de ilusão ao pensar que estou começando a segunda metade. Talvez isso sejam coisas do tal instinto de sobrevivência.

Apesar de boa parte de meus cabelos brancos dizerem o contrário, sinto-me ainda um garoto. Freqüentemente rolo com minha filha pelo tapete da sala e fico em dúvida se isso agrada mais a ela do que a mim. Nos finais de semana, continuo a “bater uma bolinha” com os amigos e agradeço a eles pelo fato de me fazerem pensar que o que faço em campo ainda pode ser chamado de futebol. Sou grato também pela convivência com eles por mais de 20 anos. Assim como as redações do tempo de escola, sigo escrevendo meus textos e é bom saber que existem pessoas que se interessem em lê-los, agora sem me preocupar com notas, embora sujeitos a críticas.

Muitas vezes o menino que mora dentro de mim tem dificuldade em imaginar que cinco décadas já passaram pela retina. Pensava que a essa altura saberia tudo sobre a vida, mas vejo que sou um eterno aprendiz no que se refere ao mundo e, principalmente, a meu próprio respeito. Se eu tivesse que definir “meio século”, eu diria que é um período que passa depressa demais.

Para finalizar, certa feita li uma frase, que desconheço a autoria: “o tempo é o senhor da razão”. Pois constantemente reflito e questiono sobre seus propósitos. Acredito que esse tal “senhor” deva ter lá suas razões para insistir que a vida continue a me reservar ainda essas incontáveis emoções que me acompanham.
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AUTOR: Paulo Cesar Paschoalini
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- Este texto está disponível na intranet do Banco do Brasil > Acesse Sua Área > Cadernos > Palavras Cruzadas, publicado pela VITEC-Brasília em 09.04.2010 e acessível a mais de 100.000 funcionários.
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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

MINHA CRÔNICA:


Mais do mesmo

Um novo ano começa e com ele mais uma edição do Big Brother Brasil, o famoso BBB, que a meu ver bobagem em dose tripla, ou outra coisa com “b” que o leitor entender que seja mais apropriada. E está em sua 10ª edição, portanto uma década de sucesso, segundo a emissora. Vamos por esse reallity show num recipiente e “espremer para ver se dá algum caldo”.

Primeiramente, é inevitável o questionamento a respeito do que faz desse tipo de programa um sucesso. Não se pode negar que a emissora sabe trabalhar muito bem a propaganda antes da estréia, gerando uma certa expectativa. Mas o que leva grande parte do público a fixar o olhar na televisão durante a exibição de programas dessa natureza?

O que se vê são diálogos inconsistentes de pessoas vivendo uma falsa rotina, diante de olhares curiosos de expectadores ávidos por cenas mais íntimas, envolvendo participantes dotados de atributos físicos que atraem a atenção do público. Talvez esse apelo estético seja o mais explorado, justamente porque quase nada se pode esperar dos candidatos com relação ao nível intelectual, já que eles têm muito pouco a oferecer nesse quesito.

Depois de algum tempo, o telespectador se vê revestido de poder suficiente para decidir o destino dos participantes, contrastando com a incapacidade que muitos têm de resolver a própria vida. Sente-se importante contribuindo na escolha daquele que vai ganhar uma considerável soma em dinheiro no final de algumas semanas, mas faz muito pouco para mudar a sua condição de assalariado mal remunerado de todo mês.

Questiona-se quem dentre os participantes será eleito o(a) mais simpático(a), o(a) mais bonito(a) ou o(a) mais sexy, mas não acerca do destino que está prestes a ser traçado por candidatos políticos num ano eleitoral que promete ser “quente”. Não se dá conta de que aquele que será escolhido no final programa não mudará em nada a sua vida. Em contrapartida, aquele que será realmente eleito nas urnas poderá decidir nos próximos anos sobre assuntos mais relevantes como educação, segurança, saúde, ou até mesmo determinar se muitos continuarão empregados ou não.

Sem poder interferir diretamente na estrutura televisiva, o público não tem a consciência de que é capaz de influir na grade de programação das emissoras, simplesmente se recusando a assistir a programas como esse. Ao invés disso, o telespectador se acomoda confortavelmente em sua poltrona e se sujeita ao papel de um “voyeur” compulsivo em busca de cenas picantes, ou acompanhando atrações de gosto duvidoso, que possam dar um certo tempero à vida insossa que normalmente muitos costumam levar.

Como âncora disso tudo, temos Pedro Bial, um sujeito que 1989 se notabilizou ao fazer a cobertura de um momento histórico para o mundo, que foi a queda do Muro de Berlin, na época, com reportagens de alto nível. No entanto, a carreira desse até então jornalista de renome veio a ter o mesmo destino do muro em questão. Seu nível de participações televisivas caiu tanto que hoje não passa de um apresentador de programa de futilidades. É de se lamentar que ele não seja o único a trilhar esse caminho, na conta-mão daquilo que se espera de uma programação com um mínimo de qualidade. Muitas outras pessoas que gozavam de respeito na televisão partiram para essa nova opção do “pagando bem, que mal tem”.

Talvez esse tipo de programa represente o retrato fiel do que tem sido a TV brasileira nesses últimos anos. Uma fábrica de alienação coletiva capaz de ditar normas, comportamentos e costumes àqueles que se submetem passivamente a esse fim. O telespectador constantemente se entrega a modismos da “telinha” e passa a se sentir “um poço de sabedoria” simplesmente por assistir a programas líderes de audiência, ou por saber cada vez mais das últimas novidades dos bastidores das emissoras.

Quem vai ganhar? É fácil de responder. Nesse tipo de programa todos os participantes saem ganhando de alguma forma. Por não serem artistas, passam a ocupar um considerável espaço na mídia. Alguns conseguirão ser capa de revistas dos mais variados gêneros, cujo conteúdo se assemelha ao nível do programa, e, assim, saem do anonimato e conseguem aqueles tais “15 minutos de fama”, que, na maioria das vezes é efêmera. É incrível como as emissoras de TV conseguem a proeza de dar notoriedade a pessoas nada notáveis.

Quem sai perdendo? Também não é difícil de responder. Mais uma vez o público perde o seu tempo assistindo a um programa que “vai do nada para lugar nenhum”, sem acrescentar algo de concreto à sua vida. Portanto, veremos que depois de “espremer” essa atração, “nada de caldo” e o telespectador como sempre acaba ficando com o “bagaço”.

Dessa maneira, na ânsia de conseguir índices de audiência a qualquer custo, as emissoras continuam apresentando cada vez mais do mesmo, com a mesma falta de conteúdo de sempre. E assim, enquanto a TV vai vendendo os seus produtos, o telespectador continua sendo um comprador de ilusões... ou desilusões?!
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AUTOR: Paulo Cesar Paschoalini
- Texto original publicado na página A-2 do JORNAL DE PIRACICABA, de 03.04.2002
- Texto atualizado para edição em 2010.
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- Este texto está disponível na intranet do Banco do Brasil > Acesse Sua Área > Cadernos > Palavras Cruzadas, publicado pela VITEC-Brasília em 03.02.2010 e acessível a mais de 100.000 funcionários.
- Texto original, do mesmo autor, publicado na pág. A-2 do "JP", em 03.04.2002. Um agradecimento especial a Joacir Cury, na época Editor Chefe do Jornal de Piracicaba, pela publicação da crônica.
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domingo, 10 de janeiro de 2010

MINHA CRÔNICA:


Recomeçar

Li a crônica do Adalberto Inácio Gonzaga da Silva, de Brasília, no caderno "Crônicas", que circula na intranet do Banco do Brasil, cujo título é “Doze”, publicada no dia 29/12, que se refere aos diferentes aspectos do número doze, em especial quando se relaciona ao tempo. Achei muito interessante o texto. Aliás, como ele costuma fazer quando escreve, foi um convite a uma reflexão, que despertou em mim um questionamento: se o “12” exprime, de certa forma, um final, ou um preparo para uma nova etapa, o que de fato melhor representaria de forma emblemática um recomeço? Naturalmente, a primeira coisa que me veio à mente foi o número “1”, como não poderia deixar de ser.
Que me perdoem os fãs de numerologia e afins, mas será que vivemos num mundo onde os acontecimentos são exclusivamente regidos por números? Ou ainda: seria o “primeiro de janeiro” realmente um recomeço, só por carregar por si só o primeiro dia, de um primeiro mês, de um primeiro ano? Ainda: Será que somente a virada da “folhinha”, a mudança de data, indicaria definitivamente uma verdadeira nova fase em nossa vida?
Lembrei-me, então, de um texto de Drummond:

“Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,

a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança,
fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar
e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação
e tudo começa outra vez,
com outro número e outra vontade de acreditar
que daqui pra diante vai ser diferente.”

Recorro, agora, a outro autor consagrado, nesse caso o compositor Ivan Lins, cuja música “Começar de novo”, em parceira com Vítor Martins, começa com os versos:

“Começar de novo e contar comigo,
vai valer a pena ter amanhecido...”


Muito embora a letra esteja relacionada especificamente a um amor que se foi, entendo que esse trecho traga com ela o que poderia ser classificado como sendo a essência de todo e qualquer recomeço. Ainda que tenhamos em nosso convívio pessoas que nos ajudam ou nos acompanhem em cada etapa de nossa vida, penso que o ato de começar de novo guarde estreita relação com o ter força, sabedoria e equilíbrio suficientes para poder “contar consigo mesmo” a cada novo amanhecer. É quase sempre uma questão de atitude.
Todos nós sempre estamos às voltas com “recomeços”. Quando se trata da questão profissional, por exemplo, pode ser um novo setor, uma nova função, ou mesmo uma nova agência. No caso de algumas pessoas, ainda, uma nova empresa para um novo trabalho. No terreno pessoal, cada um tem lá as suas particularidades, nos mais diferentes segmentos.
A palavra mais ouvida nessas ocasiões é provavelmente a esperança. Para muitos essa palavra é apenas um derivado da palavra “espera” e ficarão de forma acomodada somente aguardando o desenlace dos acontecimentos, muitas vezes reclamando de sua sorte. Outros, no entanto, mais do que ficar na expectativa como meros observadores, veem a esperança como sendo a fé, a confiança em iniciar projetos pessoais que se propõem a torná-los reais. Esses últimos, na maioria das vezes tendem em alcançar grande sucesso ou, na pior das hipóteses, pequenos progressos e serão chamados de “sortudos” por aqueles que apenas esperam embalados pela inércia.
Mais uma vez Drummond, no poema “Receita de ano novo”:

“Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.”


Portanto, se ancorarmos nossos desejos apenas no “esperar” e não tivermos intenção, disposição e principalmente ação, aquilo que poderíamos chamar de “um novo tempo” estará fadado a ser mais uma “perda de tempo”. Como sentencia “o poetinha”, temos que fazer por merecer um ano novo.
Por essa razão, eu gostaria de desejar a todos vocês que dedicam o seu tempo em ler com atenção aquilo que me proponho a escrever, muito mais do que um “Feliz Ano Novo”, já que todo ano que começa já é por si só um fato novo. Meu desejo é que todos os leitores tenham um “Feliz Novo Tempo”. Que a fronteira entre seus sonhos e a realidade seja tão somente o firme propósito de querer.
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AUTOR: Paulo Cesar Paschoalini
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- Este texto está disponível na intranet do Banco do Brasil > Acesse Sua Área > Cadernos > Palavras Cruzadas, publicado pela VITEC-Brasília em 13.01.2010 e acessível a mais de 100.000 funcionários.
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