Incompletude
A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito.
Não agüento ser apenas um sujeito que abre portas,
que puxa válvulas, que olha o relógio,
que compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai
mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas.
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito.
Não agüento ser apenas um sujeito que abre portas,
que puxa válvulas, que olha o relógio,
que compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai
mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas.
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AUTOR: Manoel de Barros
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COMENTÁRIO – Paulo Cesar Paschoalini:
Assisti a uma entrevista há alguns anos, não me lembro a emissora,
com esse poeta brasileiro pouco conhecido, inclusive por mim, até então. Como me causou a melhor das impressões, procurei saber mais sobre ele e ler um
pouco alguns de seus textos. Nascido em 19/12/1916, portanto, com 96 anos, escreve sobre a
natureza, em especial. Para conhecer alguns de seus textos e frases, fica a
sugestão para acessar o link: http://pensador.uol.com.br/manoel_de_barros. O título foi extraído do próprio texto.
No final do poema, quando ele diz que pensa em "renovar o homem usando borboletas", eu entendo que ele lança mão dessa linguagem como sentido figurado, utilizando-se da transformação que acontece com as borboletas, para servir como exemplo ao ser humano, na sua necessidade de renovar-se continuamente.
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No final do poema, quando ele diz que pensa em "renovar o homem usando borboletas", eu entendo que ele lança mão dessa linguagem como sentido figurado, utilizando-se da transformação que acontece com as borboletas, para servir como exemplo ao ser humano, na sua necessidade de renovar-se continuamente.
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