Por natureza, o ser humano sempre foi um ser social. A necessidade da convivência em sociedade permitiu a sua sobrevivência, através da proteção mútua, e permitiu a sua evolução, graças principalmente ao autoquestionamento e a constante troca de experiências.
A evolução que se processou ao longo da história foi extraordinária e os meios empregados com essa finalidade foram as mais variadas possíveis, cada qual guardando relação com o momento vivido na cadeia evolutiva. A chamada tecnologia permitiu que o ser humano alcançasse tamanho desenvolvimento, que culminou com a criação da internet. Aquilo que no começo parecia ser apenas uma fundamental ferramenta para pesquisas, acabou por tornar-se uma fonte inesgotável de banalidades.
De acordo com Sigmund Freud, “tudo em nós emana de dois motivos: o desejo sexual e o desejo de ser grande”, ou importante. Assim, de posse desse manancial de possibilidades de relacionamentos virtuais, o ser humano tem feito uso dessa tecnologia para dar vazão a esses dois aspectos freudianos. Em razão de o mundo atual nos cobrar constantemente a tal necessidade de nos diferenciar dos demais, o cidadão comum se entregou a chamada superexposição não só de suas qualidades, como também de sua intimidade.
Dessa forma, ao invés de acessos à feitos grandiosos de personagens históricos do passado ou contemporâneos, o que vemos é a profusão de informações particulares nas chamadas redes sociais, que vão “do nada para lugar nenhum”. Ao invés de se focar em notáveis, o que vemos é um excesso de notoriedade.
Com base nas mais variadas informações pessoais, a chamada vasta rede mundial foi criando mecanismos para chegar cada vez mais fácil ao internauta. As trocas de mensagens via e-mail deixaram de ser uma prática consentida entre o emissor e o destinatário para tornarem-se uma ferramenta de publicidade em massa. Quem de nós nunca recebeu um “span”?
Entretanto, talvez o mais preocupante atualmente são os chamados “cookies”, uma espécie de pequenos arquivos que servem para registrar a preferência e os acessos do internauta enquanto navega. Sendo assim, quer seja de maneira consentida ou por rastreamento, o fato é que todos nós que utilizamos a internet deixamos de ser um anônimo passamos a ser vítimas de invasão de nossa privacidade.
Ao analisarmos esses fatos mencionados, fica impossível não nos preocuparmos com tudo isso. E, baseado no início do texto, que destaca o desenvolvimento humano, cabe um inevitável questionamento: seria a falta de anonimato um elemento de evolução social?
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AUTOR: Paulo Cesar Paschoalini
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