Perdoo o tempo,
que fez o depois e o agora,
o chegar e o ir embora;
o coletivo e o sozinho,
o sem rumo e o caminho.
Perdoo o tempo,
que, interferindo em nossas vidas,
produz dores, mas cura as feridas;
que nos faz rir e chorar de alegria
e clareia a noite e escurece o dia.
Perdoo o tempo,
que me faz dormir para repousar
e cria mil fantasias para eu
sonhar;
que me dá forças para encarar a
realidade
e, vez por outra, faz despertar a
saudade.
Perdoo o tempo,
que movimenta minutos e segundos,
fazendo girar os ponteiros do
mundo;
que rege com exatidão cada estação
e me dá idade nova no fim do verão.
Perdoo o tempo,
que me faz sentir velho e criança
e me ver incrédulo de esperança;
que cria a lucidez e o destino
e nos dá o arbítrio e o desatino.
Perdoo o tempo,
que traça linhas por toda a minha
face
para eu entender as entrelinhas, em
disfarce;
que me nutre de lições e
conhecimentos,
trazendo experiências a cada
momento.
Perdoo o tempo,
que leva embora a beleza da
juventude
para trazer a velhice de forma tão
rude;
que prateia os meus cabelos escuros
e clareia os meus caminhos
obscuros.
Perdoo o tempo,
que passa apressado em suas
andanças,
deixando as pernas lentas de
lembranças;
que vez por outra me faz esquecer
e dia após dia me faz envelhecer.
Perdoo o tempo,
que tenta me convencer ser imortal
me revestindo de uma eternidade
fatal;
que é o melhor remédio para o
viver,
mas não tem o antídoto para o
morrer.
Perdoo o tempo,
já que, a despeito de minhas
indagações,
desconheço as suas reais intenções;
pois, apesar de eu sempre estar
pensativo,
pouco sei sobre meus próprios
objetivos.
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AUTOR: Paulo Cesar Paschoalini
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COMENTÁRIO: Selecionada em 13º lugar no “II Concurso Nacional de
Poesia”, da cidade de Descalvado-SP, que teve a participação de 684 trabalhos
inscritos e foi publicada nas páginas 29 e 30 do livro “Marcas do Tempo V”, do
ano de 2003, cuja imagem escolhida é reprodução da capa alusiva a esse evento
organizado pela Biblioteca Pública Municipal “Prof. Gerson Alfio de Marco”.
A postagem tem como finalidade marcar mais um
período de sete anos, já que acredita-se que “durante o curso de da existência diferentes tipos de energia fluem
pelo organismo. Cada tipo de energia tem seu próprio
circuito e finalidade específica, manifestando-se no tempo certo” (http://www.pistissophiah.org/a_lei_do_sete.htm). Se é exatamente assim (ou se exatamente "sete") eu não sei, mas pode ser considerado, sob vários aspectos, mais um período da vida. E que seja mais uma época importante a ser vivida plenamente!!!...
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