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terça-feira, 23 de abril de 2013

UM TEXTO...


Afaste de mim este ‘Cale-se’

‘Constrangedor…’ Esta foi a resposta de um dos meus contatos, com apelo para que eu não mais envie ‘mails’ de caráter político, pois este assunto, para ele, é constrangedor… Outro contato anunciou-me que ‘os cães ladram e a caravana passa’, querendo jogar por terra nosso levante de voz.

Desculpe aí minha gente se sou alguém que não se conforma com o cenário que deparo diariamente e penso que todos devam ter acesso a pão, educação, saúde e prazer e que isso não se restrinja à minoria.

Fico a pensar na insensibilidade de alguns face às injustiças, embora demonstrem compaixão ao fitar cenas como aquela famosa do urubu próximo a um bebê raquítico, fotografada em país distante. As lágrimas de crocodilo devem escorrer sim pela face, porém estas mesmas pessoas, ao saírem de suas confortáveis poltronas e uma simples ida ao shopping, deixam para trás algo que a incomodou há pouco. 

A zona de conforto do indivíduo é um valado, pois enquanto qualquer perda ou prejuízo não chega diretamente até ele, está tudo bem e, qualquer reflexão sobre a realidade chega a ser constrangedora.

Ah, pessoas! Portam-se no formato ordenado pelo sistema governista e pela classe dominante que, através da mídia e imprensa esculpem na classe média o molde perfeito para propagar o que é de interesse da camada que está no topo. Achávamos que só a grande massa era manobrada…

A consolidação da classe média deu-se nos anos dourados com o governo JK, durante a revolução cubana que, para evitar o mesmo por aqui, passou a gerenciar as classes sociais e, neutralizando seus anseios, passou a promover o ego de uma camada da população que estava ávida por diferenciar-se dos pobres, fomentando assim, aquisição de bens de consumo, mas suscitando o distanciamento em suas relações humanas.

Pensamentos que insurgem: “Nós, Classe Média, e eles, o povo, os que não sabem votar, os insatisfeitos, os ignorantes…”; “Nós, bossa nova, eles, do samba…”; “Nós, temos automóvel e eles andam a pé ou de ônibus…”. Bem ao estilo terceiro mundo.

Até hoje lembramos quão eram de boa qualidade as escolas públicas dessa época e por uma razão simples eram boas: os filhos dos ricos lá estudavam, onde ali era socializada a educação entre a classe abastada, a classe média e os pobres. E, por conta disso, muitos tiveram boa formação, e mesmo assim hoje empinam o nariz e dizem: “minha família não era rica (como pobres eles não gostam de ser classificados), mas eu me fiz por mim mesmo…” e nisto veem justificativa para menosprezar os que hoje ficam estagnados, sem perspectivas.

Conseguiram bom nível cultural, colecionando diplomas, graduações e domínio de outras línguas. Pois bem, gostam de ganhar notoriedade, mas para quê tanto conhecimento acadêmico se este jaz dentro de si? Utilizados o são para desdenhar, segregar e tentar desmobilizar os que trabalham desinteresseiramente por uma causa, pensando no bem do próximo e, por conseguinte, do coletivo.  

Oxalá que, em vez do constrangimento, a sensibilidade fosse maior para motivar bons propósitos, solidariedade, voluntarismo, extirpando atitudes que visam apenas às próprias conveniências.

Portanto, continuarei a criticar sim as ações de interesses megalomaníacos de um neoliberalismo que vê prioridade no vislumbre exibicionista em detrimento de áreas prioritárias como a Educação, a Saúde e outras.

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AUTORA: Daisy Ferraz - bancária aposentada:
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COMENTÁRIO - Paulo Cesar Paschoalini:
Agradeço à minha amiga Daisy por ter autorizado a publicação de seu texto. Tive o privilégio de trabalhar com ela durante muitos anos no Banco do Brasil, agência Piracicaba-SP. Ela é integrante do Movimento 'Reaja Piracicaba', que tem por objetivo impedir o aumento abusivo de 66% na subvenção dos vereadores de Piracicaba, a partir deste ano, além atuar ativamente na fiscalização da conduta da classe política local. Para maiores informações, acesse: www.facebook.com/reajapiracicaba.
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