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quinta-feira, 29 de junho de 2017

MINHA POESIA:

Poetar

Ser poeta é, por sua vez,
Não interrogar os inúmeros “porquês”;    
é roubar do tempo a rapidez
e querer o que a vida desfez.

É expressar os gritos da mudez
e fazer ouvir ruídos na surdez;
é ver no translúcido a nitidez
e saborear o doce da acridez.

É tatear o morno da tepidez
e transformar a frieza em calidez;
é despir de pudor toda nudez
e despertar a libido da frigidez.
        
É desembaraçar-se diante da timidez
e agigantar-se em pequenez;
é fartar-se em plena escassez 
e permitir inquietação à placidez.
        
É tratar com suavidade a rispidez
e converter indelicadeza em polidez;
é fazer da aspereza maciez
e revelar humildade à altivez.

É propor prudência à insensatez
e buscar a cura para a morbidez;
é estar sóbrio de embriaguez
e mostrar-se demente de lucidez.
        
É dotar a estagnação de fluidez,
e extrair as cores da palidez;
é dar às vontades humanas solidez  
e aos corações empedernidos flacidez.
                  
E, nas linhas que no papel se fez,
rascunhar com leveza e avidez,        
os desalinhos da alma, de vez,   
com todas as certezas de um “talvez”...

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AUTOR: Paulo Cesar Paschoalini
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COMENTÁRIO: 
O texto acima foi escrito há mais de 10 anos e foi selecionado num Concurso Literário de nível Nacional (ver abaixo), que teve a participação de cerca de mil concorrentes. Para minha satisfação pessoal, o evento aconteceu justamente em Descalvado (próxima de São Carlos), cidade localizada no Centro-Leste do Estado de São Paulo, onde morei pouco mais de três anos, entre 1980 e 1983.

PREMIAÇÃO:
- 10ª colocada no “V Concurso Nacional de Poesia”, da cidade de Descalvado-SP, e foi publicada nas páginas 29 e 30 da na coletânea “Marcas do Tempo VIII”, no ano de 2006.
 
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terça-feira, 27 de junho de 2017

MINHA CITAÇÃO:

Loucura

“Quando me chamaram de louco eu sorri e lamentei que muitos ainda estivessem aprisionados pela lucidez.

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AUTOR: Paulo Cesar Paschoalini
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COMENTÁRIO:
Acesse o site "Pensador.uol.com.br" e encontre outras frases do autor no link: http://pensador.uol.com.br/autor/paulo_cesar_paschoalini.
Depois, aproveite para curtir e/ou compartilhar algumas delas nas Redes Sociais. Também fica o convite para acessar a página do Facebook: https://www.facebook.com/Paulo.cesar.paschoalini.Pirafraseando.
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segunda-feira, 26 de junho de 2017

UM TEXTO...

Homem de conhecimento

“Um homem de conhecimento escolhe um caminho de coração e o segue; e depois olha e se regozija e ri; e então ele  e sabe. Sabe que sua vida terminará muito depressa; sabe que ele, como todos os outros, não vai a parte alguma; sabe, por que vê, que nada é mais importante que qualquer outra coisa. Em outras palavras, um homem de conhecimento não tem honra, nem dignidade, nem família, nem nome, nem prática, mas apenas a vida a ser vivida, e, nessas circunstâncias, sua única ligação com seus semelhantes é sua loucura controlada. Assim, o homem de conhecimento se esforça, transpira e bufa; e, se olhar para ele, parece um homem comum, só que tem que a loucura de sua vida está controlada. Como nada é mais importante do que outra coisa qualquer, um homem de conhecimento escolhe qualquer ato e age como se lhe importasse. Sua loucura controlada o leva a dizer que o que ele faz importa e o faz agir como se importasse, e no entanto ele sabe que não é assim; de modo que, quando pratica seus atos, ele se retira em paz, e quer seus atos sejam bons ou maus, dêem certo ou não, isso não o afeta de todo.”

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AUTOR: Carlos Castañeda
Trecho da obra 'Uma Estranha Realidade'
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COMENTÁRIO - Paulo Cesar Paschoalini:
Carlos César Salvador Arana Castañeda, nasceu em 25 de dezembro de 1925, em Cajamarca, no Peru, e faleceu em 27 de abril de 1998, em Los Angeles, nos Estados Unidos. Foi um escritor e antropólogo, graduado pela Universidade da Califórnia, tornando-se conhecido após publicação de sua dissertação de mestrado intitulada “The Teachings of Don Juan - a Yaqui way of knowledge”, no ano de 1968, que foi lançada no Brasil com o nome de “A Erva do Diabo”.
Sua obra consiste em onze livros autobiográficos, em que relata experiências decorrentes de sua associação com o bruxo conhecido por Don Juan Matus, índio da tribo Yaquis, do deserto de Sonora, no México. Pesquisou sobre plantas medicinais e partiu para o trabalho de campo nessa área, pelo sudeste da Califórnia.
Em 1973, revê os conceitos apresentados na primeira obra em uma versão de sua tese de doutorado em Filosofia, intutulada Journey to Ixtlan - Lessons of Don Juan (Viagem a Ixtlan). Como explica no seu livro O Presente da Águia, o sistema de interpretações e crenças que se dispôs a estudar terminou por lutar consigo mesmo, ao se mostrar tão ou mais complexo que o sistema "ocidental" de interpretações do mundo.
Um 13° livro chamado Magical Passes (Passes Mágicos), destoa do conjunto de sua obra, pois parece se muito mais um manual prático de aplicação de exercícios corporais de educação física.
Seus livros influenciaram muitas pessoas, especialmente os espiritualistas, que buscavam compreensão através de explicações do universo metafísico. (FONTE: Wikipedia - Link: https://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Castaneda)
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quinta-feira, 22 de junho de 2017

MINHA CITAÇÃO:

Voar

“Existem pessoas que insistem em construir ninhos,
mas se esquecem de alçar voos.

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AUTOR: Paulo Cesar Paschoalini
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COMENTÁRIO:
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terça-feira, 20 de junho de 2017

MEU CONTO:

Um canto de liberdade

Os primeiros raios de sol começaram a iluminar o ninho que construí sobre a velha figueira, onde eu dormia, e me fez despertar. Assim que me pus em pé, agitei as asas e toda a plumagem amarelada para me espreguiçar melhor. Tudo indicava que era mais um dia normal ali naquele bosque. Parecia que seria novamente uma sucessão de horas e mais horas voando feliz pelo reino da Terra. 

Voei, então, até o regato que contornava algumas árvores e caminhava pela mata, desviando-se das pedras que permaneciam estáticas em seu leito. Beberiquei daquela água cristalina para saciar a minha sede matinal. Em seguida, saí para voar através daquele verde que a natureza plantou à minha volta e, enquanto batia as asas, eu engrossava o coral de cantoria que a passarada entoava toda a vez que o dia amanhecia.

Era maravilhoso ter todo o tempo do mundo para brincar com o vento e depois saltitar de galho em galho, de árvore em árvore, fazer voos rasantes ao solo, ou subir alto em direção ao azul do céu salpicado de nuvens esbranquiçadas. A alegria irradiava de um horizonte ao outro e era possível sentir a tranquilidade que se espalhava por todo aquele “bosque encantado”.

Apesar de viver feliz naquele lugar, eu tinha muita curiosidade em saber o que acontecia além dos limites da mata. Mas eu sempre fui desencorajado pelas andorinhas a ir muito longe. Elas contavam que, além do bosque, existia uma cidade grande onde vivia o ser humano, um animal estranho, incapaz de entender e respeitar os outros animais.

Contavam, inclusive, que os homens chegavam a aprisionar e a matar algumas espécies só por prazer. As andorinhas disseram, também, que os humanos eram capazes até de matar uns aos outros. Era difícil de acreditar nessas histórias, pois já cheguei a ver poucas vezes alguns adultos em companhia de crianças, andando pelas trilhas da mata, e eles não me pareciam agressivos.

De repente, um alvoroço tomou conta do bosque. Era um sinal de alerta para todos se cuidarem, pois o “bicho homem” se aproximava. Voei rapidamente até o ninho e permaneci lá imóvel e em silêncio. Eu pude ouvir as suas vozes quando passaram próximo de onde eu estava e seguiram em frente. Arrisquei espiar e vi que pararam perto dali por alguns instantes e logo mais foram embora. Assim que o perigo passou, todos os animais deixaram o seu abrigo e a vida voltou ao normal por toda a mata.

Só por curiosidade, sobrevoei o lugar onde eles permaneceram por algum tempo e vi alguns objetos estranhos que deixaram por ali. Como eram esquecidas essas pessoas! Foram embora e não se lembraram de levar tudo aquilo que trouxeram. Eu sei que os outros pássaros tinham me alertado para não me aproximar dos humanos, mas eu queria saber algo mais sobre eles. Já que eu não podia ir até a cidade, não deixaria de perder a oportunidade de ver de perto alguma coisa feita por eles. Além do mais, tudo que estava ali parecia inofensivo. Então, eu cheguei mais perto e observei os detalhes dos materiais estranhos que eles produziam.

Era ao mesmo tempo curioso e fascinante ver o que a mão humana é capaz de fazer. Objetos de madeira e arame colocados de forma inusitada, dando aos materiais um aspecto interessante. Notei, também, que os homens tinham deixado para trás um pouco de comida perto dos objetos. Como era hora do almoço, não poderia deixar passar todo aquele banquete que estava à minha frente, com quitutes que eu jamais havia visto e dificilmente teria igual oportunidade novamente. Fui dando uma bicada aqui, outra ali e tudo estava uma delícia. Então saltei na direção de uma caixa de pedaços de madeira com fios de arame, com bastante alimento dentro dela.

Porém, para a minha surpresa, assim que me ajeitei no poleiro, uma tampa de arame se fechou sobre mim e eu me vi prisioneiro. Comecei a piar, aos gritos, mas os poucos que se aproximavam não conseguiram me tirar de lá. Naquele momento compreendi como era assustador ver o que a mão humana é realmente capaz de fazer.

Permaneci preso por algumas horas até que os humanos voltaram. Ficaram felizes ao me verem no alçapão onde eu estava e me levaram dali em direção ao povoado. Aí, finalmente eu conheci a tal cidade. Um emaranhado de pedras sobrepostas, repleta de seres humanos apressados e preocupados em não perder tempo. No ar esfumaçado, um cheiro desagradável que em nada lembrava o perfume que as flores que existiam na mata exalavam. O homem é um animal muito estranho, pois onde ele mora quase não existe árvores por perto e é um absurdo ver que o pouco de verde que ainda resta no lugar ele mesmo se encarrega de ir destruindo.

Hoje eu estou preso já há algum tempo numa gaiola. Desde que fui trazido para cá, eu sinto muito medo quando uma pessoa chega perto de mim. Aos poucos eu passei a entender o que os humanos falam, muito embora eles não me entendem nem um pouco. Toda vez que alguém diferente me vê, sempre pergunta se eu sou um canário do reino ou da terra. Que diferença isso faz já que o meu reino é toda a Terra? ... Ou pelo menos era.

Quando eu expresso algum som, alguém se aproxima de mim e sorri dizendo que eu estou cantando alegremente. Como pode um ser que se diz inteligente achar que alguém que está preso é capaz de cantar feliz? Como pode alguém, que luta tanto por sua própria liberdade, fazer tanto para tirar a liberdade de outro ser vivo, só porque tem uma plumagem de coloração atraente e emite um som interessante? Seria o mesmo que um ser humano prendesse outro de sua espécie, simplesmente por ele se vestir bem e ter uma linda voz. Isso seria um absurdo, assim como não tem nenhum cabimento eu estar preso!

Os homens não percebem que o som que eu emito não é um canto. Algumas vezes é um lamento e outras, um gemido de dor. Porém, na maioria das vezes, o meu “cantar” é um grito, um clamor por liberdade. Nesses sons que expresso eu tento manifestar que muitas vezes eu sinto fome e frio. Mas o que mais me machuca é a solidão e, principalmente, a tristeza por ter sido feito prisioneiro apenas porque a natureza me fez encantador e indefeso.

Todos os dias eu olho em direção ao “bosque encantado” e às vezes choro por saber que nunca mais vou voltar a ver aquele lugar. E sempre que eu vejo o topo da copa das árvores que lá existem, que estão cada vez mais distantes de mim, eu me pergunto:

- Que mal eu fiz ao ser humano para ele me condenar à prisão perpétua?!

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AUTOR: Paulo Cesar Paschoalini
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COMENTÁRIO:
Este texto consta do original do livro Paredes e tons” (título provisório), que contém 17 contos de minha autoria, aguardando patrocínio de um parceiro para edição/publicação.
Ele foi escrito há muito tempo. Lá se vão mais de 15 anos... Quando eu o escrevi, fiz com a intenção de ser dirigido ao público infanto-juvenil. De certa forma, a linguagem é apropriada a essa faixa etária, mas entendo que a mensagem contida é para “crianças de todas as idades”. Cada vez que o leio, sinto que nós adultos passamos a compreender ainda mais a amplitude e o valor da palavra “liberdade”, uma vez que as “armadilhas” dos padrões sociais vão nos tirando paulatinamente. Podemos constatar, também, que o nosso “bosque encantado” vai ficando mais distante daquilo que imaginávamos. Triste paralelo esse traçado em comparação à personagem, que, ainda com desfecho mais trágico, tem como destino a “prisão perpétua”, por algo que nunca fez por merecer. Penso que vale como reflexão.
PREMIAÇÕES:
– Menção Especial no “III Concurso Grandes Nomes da Nova Literatura Brasileira”, da cidade de São Paulo-SP. Concurso de 2002 e publicado por Phoenix Editora no encarte do ano seguinte.
– Selecionado no Concurso “Banco de Talentos 2003” e editado pela Febraban em livro de coletâneas relativo ao evento.
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terça-feira, 13 de junho de 2017

MINHA CITAÇÃO:

Lágrima

“A lágrima é o corpo querendo regar uma alegria,
ou tentando afogar uma dor.

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AUTOR: Paulo Cesar Paschoalini
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COMENTÁRIO:
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UM TEXTO...

Alegrias e tristezas...

“Porque a vida é feita de uma mistura de alegrias e tristezas.
Sem as tristezas, as alegrias são máscaras vazias,
E sem as alegrias, as tristezas são abismos escuros.
É por isso que os olhos, lugar dos sorrisos,
São regados por uma fonte de lágrimas.

São Lágrimas que fazem florescer a alegria.”

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AUTOR: Rubem Alves
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COMENTÁRIO – Paulo Cesar Paschoalini:
Rubem Alves é um psicanalista, educador, teólogo e escritor brasileiro. É autor de livros e artigos que abordam temas religiosos, educacionais e existenciais, além de livros infantis (FONTE: Wikipedia). Texto extraído do site http://www.mensagemespirita.com.br.
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quinta-feira, 8 de junho de 2017

MINHA CITAÇÃO:

Chuva

“Nada é mais reconfortante que a chuva. É um consolo saber que às vezes até mesmo o céu revela um semblante de tristeza e se permite chorar diante de todo mundo.

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AUTOR: Paulo Cesar Paschoalini
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COMENTÁRIO:
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UM TEXTO...

Esquece o futuro...

“Esquece o futuro. Ele não te pertence!
O presente te basta!
Mas é preciso ser rápido, quando ele é mau presente
E andar devagar quando se trata de saboreá-lo
Expressões como: “passar o tempo”
espelham bem a maneira de viver dessa prudente
que imagina não haver coisa melhor pra fazer da vida.
Deixam passar o presente, esquivam-se, ignoram o presente…
Como se estar vivo fosse uma coisa desprezível…
Porque a natureza nos deu a vida em condições tão favoráveis…
que só mesmo por nossa culpa ela poderia se tornar pesada e inútil.”

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AUTOR: Michel de Montaigne
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COMENTÁRIO - Paulo Cesar Paschoalini:
Michel Eyquem de Montaigne (1533 - 1592) foi político, filósofo humanista e escritor francês, considerado o inventor do ensaio pessoal. Nas suas obras, analisou as instituições, as opiniões e os costumes, tomando a generalidade da humanidade como objeto de estudo (Fonte: Wikipédia).
O texto foi extraído de um artigo publicado no site "Revista Pazes", que pode ser acessado pelo link: http://www.revistapazes.com/filhoskalil/.
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