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segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

UMA POESIA...

Tempo certo do verbo amar

Eu amo,
e como amo, as tardes nubladas de julho;
geladas e calmas,
pacíficas, sem nenhum barulho.

E tu, amas?
Não, preferes um amor de verão,
novo e avassalador,
para aquecer o coração!

Já ele, eu sei que ama!
Mas ama uma apenas;
seja o tempo que for,
está sempre a escrever poemas...

Mas o que nós amamos mesmo
é o tempo repleto de cores!
Muitos cantos, cheiros
e um jardim cheio de flores.

Vós amais o que mesmo?
Ah, claro, as flores que se vão,
os frutos maduros
e o latir tranqüilo de um cão.

Eles ali, não amam.
Esperam uma nova estação,
seja frio, quente, florida ou seca,
para despertar uma nova paixão!

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AUTORA: Paula Gonçalves da Fonseca e Souza
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COMENTÁRIO - Paulo Cesar Paschoalini:
A autora foi aluna da "ETEC Gustavo Teixeira" em 2015, unidade de São Pedro-SP, quando cursou o 3° Ano do Ensino Médio. Participou de duas edições do "Concurso de Poesias Criadas", ficando em 3º lugar em 2015 e em 2º lugar no ano anterior. Além de escrever poesias, a Paula é também declamadora, o que faz com que ela dê vida aos seus textos poéticos.
Quero aproveitar a oportunidade para agradecer à Paula pelo envio do texto e por ter autorizado a publicação no blog e ao Prof. Alex, da ETEC, por ter me apresentado essa jovem poeta nesse segmento literário tão repleto de sensibilidade.
A imagem acima é da Rampa de Voo Livre da cidade de São Pedro-SP, um das muitas atrações turísticas da cidade. Desse ponto alto, é possível ver algumas cidades vizinhas, inclusive Piracicaba-SP, que fica distante pouco mais de 30 km.
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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

UMA CITAÇÃO...

Civilização

"A civilização avançada envolve problemas árduos. Por isso, quanto maior o progresso, mais está ameaçada. A vida está cada vez melhor; porém, evidentemente, cada vez mais complicada."

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AUTOR: José Ortega y Gasset
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COMENTÁRIO - Paulo Cesar Paschoalini:
José Ortega y Gasset nasceu em 9 de maio de 1883, em Madri, e faleceu em 18 de outubro de 1955, também em Madri, na Espanha. Foi um filósofo, ensaísta e jornalista espanhol, sendo o principal expoente da Teoria da razão vital e histórica. Devido à ditadura em seu país, exilou-se voluntariamente na Argentina e refugiou-se em seu silêncio durante esse conturbado período político. Para o sociólogo brasileiro Hélio Jaguaribe, o filósofo Ortega y Gasset foi uma espécie de educador do seu povo, para quem o que mais importa é a lucidez e compreensão do mundo (Wikipédia).
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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

CINEMA:

Os deuses devem estar loucos

1 – INTRODUÇÃO:
O filme mostra a vida da tribo do povo conhecido como bosquímanos, de cultura primitiva, habitantes de uma região afastada da civilização, próximo ao deserto do Kalahari, no sudoeste da África.
Num ambiente com essas características, somente uma cultura com experiência é capaz de habitá-la e de sobreviver às adversidades da região. Seus hábitos ainda são a cultura extrativista, alimentam-se basicamente de raízes, e sobrevivem graças ao fato de buscarem um pouco de água, apesar de escassa.
Por viverem longe da civilização, ainda guardam crenças mitológicas, onde os fenômenos meteorológicos, assim como outros acontecimentos inexplicáveis ao seu entendimento, são atribuídas aos deuses.
Embora seja um lugar longínquo, é rota de aeronaves que passam sobre as terras da tribo, o que os fazem acreditar que o som das aeronaves é um ruído emitido por uma entidade divina.
Uma simples garrafa de Coca-Cola vazia, jogada por um desses aviões, cai próximo à tribo. Um de seus habitantes a encontra e, por se tratar de um objeto estranho, diferente a qualquer coisa produzida pela natureza, o leva a acreditar que seria um presente dos deuses. Esse é o início de uma história incomum, em que a relação do homem com algo desconhecido chega a produzir situações curiosas.

2.1 - OS MITOS:
Logo que as primeiras cenas da tribo são mostradas, é interessante constatar o tipo de vida do povo que é foco da história. Habitantes de vida simples, que buscam uma forma de sobrevivência, com suas crenças alicerçadas nas manifestações da natureza. Essa ideia de ver o mundo ao ser redor nos remete ao povo grego, num período anterior aos filósofos pré-socráticos.
Por desconhecerem os avanços tecnológicos do mundo moderno, julgam que um simples avião suspenso no espaço seria a manifestação de um deus e o barulho emitido por seus motores é interpretado como sendo uma manifestação de descontentamento da divindade.
Muito embora sejam de estilo primitivo, existe a harmonia pura dos habitantes daquela tribo, que os une e os protege de sentimentos como os da competitividade e mesquinhez, tão comuns ao homem civilizado.
Toda a atmosfera mítica é base do o desenrolar do filme e se mantém até mesmo depois que Xixo, um dos habitantes que encontrou a garrafa, “devolve” no final da história o objeto aos deuses, já que ele não mostrou ser útil à vida da aldeia. É uma demonstração de como a crença nos mitos era algo comum nas comunidades primitivas.

2.2 - O CONTATO COM A CIVILIZAÇÃO:
Para nós, seres humanos contemporâneos, a busca do conhecimento e o conseqüente desenvolvimento são fundamentais, já que são capazes de nos dar respostas às questões que nos inquietam, bases da filosofia ocidental. Para o homem primitivo mostrado no filme, qualquer contato com algo da civilização pode representar mais danos do que propriamente benefícios ao seu estilo de vida.
A garrafa vazia de Coca-Cola quebrou a rotina dos habitantes da tribo, por ser um objeto estranho, e passou a ser o centro das atenções, já que era algo "enviado pelos deuses".
Em razão de ser incomum, a garrafa parecia ser destinada a diversas utilidades. Mas, por ser apenas um único objeto, sua utilização passou a ser um dilema, acarretando pequenos conflitos, o que nunca antes havia ocorrido entre os membros da tribo.
Por ser algo em que todos tinham interesse em possuir, cada qual procurava demonstrar ter direito de posse sobre ele. Dessa forma, estava inserido no contexto dos membros da tribo um sentido de julgamento, uma situação nunca antes experimentada por aquele povo, que desconhecida seu significado.

2.3 - A RELAÇÃO MITO VERSUS REALIDADE:
Embora tenha vivido situações curiosas, onde o pouco contato com a civilização moderna mostrou uma cultura estranha e diferente da sua, o personagem Xixo sempre se direcionou suas atitudes com base nas tradições e nos ensinamentos transmitidos pelos seus antepassados.
Xixo, então, é designado para ser uma espécie de “salvador” da tribo, com a missão de devolver aos deuses o tal objeto indesejado, que inicialmente parecia ser um presente, mas que acabou se tornando motivo de desentendimentos constantes entre os membros da tribo. Assim, para cumprir a tarefa de levar a garrafa até o “fim do mundo”, ele percorre regiões habitadas por outros povoados mais desenvolvidos que o seu e, apesar dos atrativos da civilização, ele consegue levar cabo sua empreitada.
Essa atitude de fidelidade inabalável evidencia a força que o mito exerce sobre o homem simples, que, diante de um canyon que julgava ser o fim do mundo, atira o objeto “de volta à sua origem”, cumprindo, dessa forma, a missão que lhe foi confiada. Depois disso, retorna satisfeito à sua tribo, onde é recebido como herói.
Ao final do filme, paira no ar a dúvida de o quanto aquele seu contato com culturas diferentes poderia ter influenciado sua nova visão de mundo e seu modo de vida, daquele dia em diante. Além do mais, o que essa sua experiência poderia acrescentar ao estilo de vida de todos os habitantes da tribo.
Talvez seja realmente essa a intenção do filme. Despertar no espectador a imaginação sobre as inúmeras possibilidades decorrente desse seu contato com o “mundo exterior”.

3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Tomando por base o contraste cultural existente entre a tribo dos bosquímanos e a sociedade contemporânea, é inevitável constatar que, mesmo vivendo uma vida primitiva aos nossos olhos, eles cultivavam uma harmonia social que não encontramos em comunidades avançadas tecnologicamente nos dias atuais.
Será que nossa sociedade deixou de cultivar mitos, ou apenas mudou o foco para cultuar mitos atuais, tais como dinheiro, posição social, progresso a qualquer preço, entre outros, deixando à mostra uma visão primitiva de anular o outro, até mesmo com o uso de violência desmedida? Poderia esse tipo de comportamento ser realmente visto como sendo uma forma evolução?
Entendo que não é o caso de se defender ou não a ideia de um retrocesso a padrões sociais mais primitivos. Mas sim o de propor uma ampla reflexão no que tange ao modo de viver do mundo atual, que evoluiu graças ao uso da razão, mas que, curiosamente, nos faz ver que as atitudes do ser humano atual trazem à tona uma forma de relacionamento muito mais voltado à irracionalidade do que propriamente a uma vida em harmonia.

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TEXTO: Paulo Cesar Paschoalini
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COMENTÁRIO: Trabalho do componente curricular de AACC - Atividade Acadêmica Cultural e Científica, apresentado durante a graduação em Licenciatura em Filosofia, pela Faculdade "Claretiano - Rede de Educação", Polo de Rio Claro-SP.
A publicação no blog é um convite para quem ainda não viu o filme, que tem nuances de humor, devido à situações pitorescas que se apresentam, levando o expectador a refletir sobre a relação entre a nossa primitividade e a civilização.
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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

UMA CITAÇÃO...

Alegrias e prazeres...

"Nenhum caminho é mais errado para a felicidade do que a vida no grande mundo, às fartas e em festanças, pois, quando tentamos transformar a nossa miserável existência numa sucessão de alegrias, gozos e prazeres, não conseguimos evitar a desilusão; muito menos o seu acompanhamento obrigatório, que são as mentiras recíprocas."

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AUTOR: Arthur Schopenhauer
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COMENTÁRIO - Paulo Cesar Paschoalini:
A citação acima não tem por objetivo fazer uma crítica direta ao Carnaval; em absoluto! Sem dúvida nenhuma é uma festa popular tradicional, que faz com que todos os anos as pessoas busquem por diversão num "fim de semana prolongado". A postagem tem a intenção de convidar a uma reflexão sobre (até pode soar estranho) as "alegrias" contidas em algumas imposições sociais. As verdadeiras alegrias, assim como as tristezas, não têm data e hora marcadas e, quando elas acontecem, é preciso buscar o equilíbrio necessário para lidar com aquilo que apresenta como sendo "bom" e com as eventuais aversidades. A convivência social costuma tornar artificiais até mesmo aquilo se convencionou chamar de "momentos felizes".
A citação é do filósofo alemão Schopenhauer, conhecido por ser um pessimista e, talvez por isso, analisava a sociedade por um viés negativo, mas, em que pese essa particularidade, não menos realista que os demais.
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