Ser poeta é, por sua vez,
questionar os inúmeros ‘porquês’;
é roubar do tempo a rapidez
e querer o que a vida desfez.
É expressar os gritos da mudez
e fazer ouvir ruídos na surdez;
é ver no translúcido a nitidez
e saborear o doce da acridez.
É tatear o morno da tepidez
e transformar a frieza em calidez;
é despir de pudor toda nudez
e despertar a libido da frigidez.
É desembaraçar-se diante da timidez
e agigantar-se em pequenez;
é fartar-se em plena escassez
e permitir inquietação à placidez.
É tratar com suavidade a rispidez
e converter indelicadeza em polidez;
é fazer da aspereza, maciez
e revelar humildade à altivez.
É propor prudência à insensatez
e buscar a cura para a morbidez;
é estar sóbrio de embriaguez
e mostrar-se demente de lucidez.
É dotar a estagnação de fluidez,
e extrair as cores da palidez;
é dar às vontades humanas solidez
e aos corações empedernidos,
flacidez.
E nas linhas, que no papel se fez,
rascunhar,
com leveza e avidez,
os
desalinhos da alma, de vez,
com todas as certezas de um ‘talvez’!
TEXTO:
Paulo Cesar Paschoalini
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COMENTÁRIO: A poesia foi a 10ª colocada no
“5 º Concurso Nacional de Poesia”, da cidade de Descalvado-SP, e publicado na
coletânea “Marcas do Tempo VIII”, no ano de 2006.
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