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sexta-feira, 11 de maio de 2018

MINHA POESIA:

Poetar

Ser poeta é, por sua vez,
questionar os inúmeros ‘porquês’;
é roubar do tempo a rapidez
e querer o que a vida desfez.

É expressar os gritos da mudez
e fazer ouvir ruídos na surdez;
é ver no translúcido a nitidez
e saborear o doce da acridez.

É tatear o morno da tepidez
e transformar a frieza em calidez;
é despir de pudor toda nudez
e despertar a libido da frigidez.
       
É desembaraçar-se diante da timidez
e agigantar-se em pequenez;
é fartar-se em plena escassez     
e permitir inquietação à placidez.
               
É tratar com suavidade a rispidez
e converter indelicadeza em polidez;
é fazer da aspereza, maciez
e revelar humildade à altivez.
       
É propor prudência à insensatez
e buscar a cura para a morbidez;
é estar sóbrio de embriaguez
e mostrar-se demente de lucidez.

É dotar a estagnação de fluidez,
e extrair as cores da palidez;
é dar às vontades humanas solidez      
e aos corações empedernidos, flacidez.
               
E nas linhas, que no papel se fez,
rascunhar, com leveza e avidez,  
os desalinhos da alma, de vez,   
com todas as certezas de um ‘talvez’!

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TEXTO: Paulo Cesar Paschoalini
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COMENTÁRIO: A poesia foi a 10ª colocada no “5 º Concurso Nacional de Poesia”, da cidade de Descalvado-SP, e publicado na coletânea “Marcas do Tempo VIII”, no ano de 2006.
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