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domingo, 4 de outubro de 2009

MINHA POESIA:


Faz-de-conta

Outro dia mesmo estava me divertindo,
assim meio descuidado, meio distraído,
e pelas brincadeiras de infância atraído.

Vieram outros dias, outras noites,
e, então, o tempo, sorrateiramente,
foi levando para longe de mim, dia após dia,
o pião que fazia girar as minhas fantasias;
as bolinhas de sabão, que eram meu alento,
foram desmanchando-se ao sopro do vento.

O faz-de-conta, os pés descalços, as “partidas”,
o “bate-bola” nos campinhos de terra batida;
as alegres brincadeiras de “esconde-esconde”,
me escondiam do mundo adulto, não sei onde.
Enfim, até me dar conta de que chegou o dia
que esconder já não mais conseguia.

Eu não gostei de ter crescido, realmente.
Vez por outra eu me perco à minha procura.
Eu queria ter de novo aquela estatura,
aquela inocência, aquela candura.
Não queira esse mundo de loucura,
onde a verdade se vai e a mentira perdura.
Eu queria ser um menino eternamente.

Na verdade sou criança, apesar da aparência,
e luto para não ser adulto, com veemência,
para não adulterar de vez a minha essência.

O pião perdeu-se num mundo que continua a girar,
as bolinhas de sabão desfizeram-se de vez pelo ar
e nas ruas asfaltadas meus pés calçados vêm pisar.

Mas eu sigo brincando de esconde-esconde, contudo,
com o tempo que insiste em transformar tudo;
faz de crianças felizes, adultos sisudos.

Meu corpo de adulto pelo tempo foi esculpido,
embora me sinta criança, num corpo crescido,
com roupas de adultos, mas espírito despido.

Quanto mais ele muda, mais me contraponho,
pois muda um reino encantado de sonhos,
em um mundo ainda mais infeliz e tristonho.

Cresci e não gostei; isso me desaponta.
Por isso mantenho esse desejo oculto,
insistindo em brincar de faz-de-conta,
“fazendo-de-conta” que sou adulto.


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AUTOR: Paulo Cesar Paschoalini
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PREMIAÇÕES:
– Menção Honrosa no “X Concurso Nacional de Poesias-APLA”, da Academia Pontagrossense de Letras e Artes, da cidade de Ponta Grossa - PR.
– 7ª colocada no “XXXIX Festival de Música e Poesia – FEMUP 2004”, da Fundação Cultural de Paranavaí - PR, declamado por Bruna Boaretto, em 20/11/2004, noite de premiação do evento.
– Texto apresentado nos dias 15, 16 e 17/09/2006, no Teatro Municipal “Dr. Losso Neto”, em Piracicaba, durante do show "Simplesmente", do grupo musical "Falando da Vida", interpretado por Nelma Nunes, atriz que participa de espetáculos em Piracicaba e região.
Poesia publicada novamente no Blog em 03 de setembro de 2015, por ocasião da seleção do texto no "XIII Prêmio Escriba de Poesia", da cidade de Piracicaba-SP.
ATENÇÃO: Ao fazer uso de algum tipo de aplicativo para Tradução, é possível que o texto traduzido não seja necessariamente fiel ao original, já que cada idioma tem a sua particularidade, principalmente quando se tratar de conteúdo poético.
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2 comentários:

  1. Parabéns Paulinho, pelo seu espaço virtual e pelas belas palavras, que neste poema, traz a lume, minha disposição de espirito infantil, pois, que venham as críticas, não vou deixar de ser criança pra fazer-de-conta que sou adulto, comentendo piores erros.
    um grande abraço e mais uma vez
    PARABÉNS

    Marcelo Aguado Perez

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  2. Caro amigo e poeta Paulo César foi um prazer enorme ver seu comentário e ainda mais saber que está criando mais um canal onde seus leitores possam degustar pela rede seus belos poemas. Quanto ao livro recebi sim, e já li todos poemas e já dei publicidade ao METAMORFOSE. Quanto a receita dos acessos você já deu o primeiro passo, agora daqui prá frente é caminhar, andar e andar muito. Congratulações, saudações e abraçosSR!!!

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