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sábado, 7 de maio de 2016

CINEMA:

Gandhi

1 - INTRODUÇÃO:
Essa produção britânico-indiana de 1982, dirigida por Richard Attenboroug, foi indicada ao Oscar em 11 categorias, ganhando 8 estatuetas, entre elas de melhor filme e direção, além de melhor ator para Bem Kingsley, no papel-título.
Conta a vida do líder indiano Mohandas Karamchand Gandhi e sua luta para independência de seu país sob domínio do império britânico. Destaque para a sua política de não violência, que aos poucos vai minando o poderio inglês. Mais tarde ficou popularmente conhecido como Mahatma Gandhi (Mahatma, a grande alma, em sânscrito).
Narra também sua tentativa de conciliação entre os diferentes segmentos religiosos, buscando a unificação da Índia numa única nação, já que para ele deveria ser algo que independesse da opção religiosa.
Numa época de conflitos sociais em várias partes do mundo, o filme é um convite a uma reflexão a respeito de atitudes de violência do ser humano, onde ficam explícitos os atos extremos, que visam a dominação do homem pelo próprio homem, que nos remete ao filósofo inglês Thomas Hobbes e sua célebre frase “o homem é o lobo do homem”.

2.1 - O DOMÍNIO INGLÊS:
O filme é sobre a história do líder indiano Mahatma Gandhi e sua luta pela independência de seu país sob domínio britânico. Após sua chegada à Índia, Gandhi mantém contato com figuras expressivas do Congresso Nacional Indiano e é convidado a viajar de trem pelo país para conhecer a realidade vivida pelo povo, com desigualdades sociais gritantes.
Ao ver-se diante de situações em que o império britânico se impunha pela força para manter seu domínio, Gandhi surge como conciliador visando a unificação de hindus e muçulmanos no processo de libertação. Para isso, conclama o povo a assumir sua própria identidade, como uso de roupas simples, de confecção artesanal, boicotando, assim, o comércio de tecido inglês, além de organizar a marcha do sal como forma de resistência ao poder militar de seu opressor.
Como é possível observar ao longo da história, toda vez que um país vence seu oponente através de um conflito armado, acaba por impor ao povo vencido sua cultura, crença religiosa e costumes, a fim de deixar claro seu domínio pelo uso da força.
Porém, em situações dessa natureza é comum ao povo oprimido lutar pela sua liberdade, já que ela é inerente à condição humana. Thomas Hobbes, no seu livro Leviatã ou Matéria, forma e poder de um Estado eclesiástico e civil: “porque quanto à força corporal o mais fraco tem força suficiente para matar o mais forte, quer por secreta maquinação, quer aliando-se com outros que se encontrem ameaçados pelo mesmo perigo”.
Embora algumas ações militares britânicas tenham sido respondidas com violência, principalmente por parte do segmento muçulmano, as tropas militar bem treinadas e seu aparato armamentista foram sendo paulatinamente desmoralizados por atitudes pacifistas, planejadas e implementadas por Gandhi, baseadas na sua estratégia de não violência.

2.2 - A POLÍTICA DA NÃO VIOLÊNCIA:
A trajetória de Gandhi é mostrada, desde sua juventude na África do Sul, quando teve contato com o “apartheid”, regime britânico de segregação racial. Naquela oportunidade era um recém formado advogado, que acaba sendo expulso de um trem em que viajava, por recusar-se a deixar a primeira classe, destinada a pessoas de pele clara, diferente da sua. Desde essa época, suas atitudes sempre foram pacíficas, que não deve ser confundida com passividade.
Ao retornar à Índia e encontrar um país subjugado pelo império britânico, decide adotar a política de não agressão, acompanhada de desobediência civil, como enfrentamento às ações militares de seu dominador. Essa sua estratégia pacifista ganha o apoio não só das massas, mas também da burguesia, alcançando, inclusive, reconhecimento internacional. Para se ter uma idéia dessa abrangência, ao ser convidado a uma visita à Inglaterra, conquista também a simpatia dos trabalhadores da indústria têxtil britânica.
Ao mencionar a frase “olho por olho e o mundo acabará cego”, que sintetiza sua visão peculiar de enfrentamento, Gandhi conseguiu enxergar muito além do que aqueles que, impedidos pela cegueira do ódio, insistem em ações de retaliações cada vez mais violentas.
Ironicamente, justamente ele que lutou pela paz, acabou por ser covardemente assassinado a tiros por um fanático indiano.

3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Apesar da independência da Índia, Gandhi, ele não consegui atingir seu princípio humanista de unificação de seu país. Posteriormente o país foi dividido, com a fundação do Estado do Paquistão, que ele não chegou a ver.
Porém sua maior vitória foi seu legado calcado no princípio da não violência. Através de atitudes baseadas em estratégias pacíficas, conseguiu obter resultados de muito mais eficiência do que as ações de represálias contra seu oponente britânico.
Na busca da paz em todos os segmentos sociais e no eterno desejo pela paz interior, o ser humano encontra em Gandhi um líder singular, que conseguiu atingir com eficiência seu objetivo de libertar seu país, sem o uso da força, como normalmente acontece.
Outra frase desse pacifista indiano, que vem ao encontro de suas atitudes ao longo de sua vida: “não existe um caminho para a paz; a paz é o caminho”. Sendo assim, embora possa parecer utópica, fica a expectativa de que a paz seja o caminho a ser trilhado pelo ser humano contemporâneo.

4 - REFERÊNCIAS:
- Caderno de Referência de Conteúdo-Filosofia Política, Unidade 4 / Prof. Dr. Daniel Arruda Nascimento, Claretiano-Rede de Educação/Batatais 2013.
- Pensador UOL, Link: <http://pensador.uol.com.br/gandhi/>, acesso em 15 set 2013.
- Wikipédia – A Enciclopédia Livre, Link: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Mahatma_Gandhi>, acesso em 16 set 2013.

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TEXTO: Paulo Cesar Paschoalini
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COMENTÁRIO:
Trabalho do componente curricular de AACC - Atividade Acadêmica Cultural e Científica, apresentado durante a graduação em Licenciatura em Filosofia, pela Faculdade "Claretiano - Rede de Educação", Polo de Rio Claro-SP.
A publicação no blog é uma sugestão para quem ainda não viu o filme e também um convite para aqueles que já o assistiram, para tornarem a vê-lo, agora sob uma análise filosófica. Vivemos num mundo em que o exercício da força do poder econômico sobre os mais fracos é cada dia mais visível e, para tal constatação, basta lançarmos um olhar reflexivo em torno de nós, que veremos isso das maneiras mais veladas e dissimuladas.
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