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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

MINHA CRÔNICA:

Schindler: uma lista para jamais ser esquecida 


Produção estadunidense baseada no livro de Thomas Keneally, sendo dirigida por Steven Spielberg e que recebeu sete estatuetas do Oscar em 1994, dentre elas de melhor filme e melhor direção.

Retrata a vida real do industrial alemão Oskar Schindler, que salvou a vida de mais de mil judeus durante a Segunda Guerra Mundial, ao empregá-los em sua fábrica, que funciona em Cracóvia, na Polônia, com a ajuda administrativa de Stern, um judeu interpretado por Bem Kingsley.

Diante da possibilidade de execução de boa parte desses judeus, Stern falsifica documentos, a fim de garantir que o maior número possível de prisioneiros sejam vistos como “essenciais” para prestação de serviços importantes para os objetivos nazistas. É considerado um dos melhores filmes de todos os tempos.

Sociedade e liberdade
Ao fazermos uma análise sob o prisma da liberdade, poderíamos incluir aqui praticamente todas as correntes filosóficas, já que os principais objetivos das grandes teorias abordaram em seu conteúdo à questão da liberdade do ser humano.

É importante destacar a contribuição de filósofos relacionados à chamada Escola de Frankfurt, o primeiro centro de pesquisa afiliado a uma universidade alemã. Os estudos lá realizados traçavam um panorama da sócio-político-cultural da realidade germânica, que antecederam a Segunda Guerra e a ascensão do nazismo.

Muito embora o termo “Ciências Políticas” tenha sido cunhado há mais de 50 anos antes desse conflito mundial, o estudo faz um exame do exercício do poder e de dominação do homem pelo próprio homem. Analisa a participação do Estado, sistemas políticos, as atitudes governamentais e suas consequências na sociedade.

Hanna Arendt
Para os que viveram no século XX, é inegável que as duas grandes guerras foram os principais acontecimentos que contribuíram para reavaliar os fundamentos de até então. Para isso, é importante compreender o significado e as intervenções de regimes totalitários.

Hannah Arendt foi um dos maiores expoentes da Filosofia Política contemporânea e teve estreita vinculação como os eventos que marcaram o século. Por ser alemã e filha de uma família judia, viveu um conflito particular, que se iniciava dentro de sua própria casa.

Com base especialmente nas vertentes nazista e soviética, escreveu o livro “Origens do totalitarismo”, cujas páginas evidenciam a essência de ideologias nutridas pelo antissemitismo e pelo imperialismo, que enfatizavam o racismo e o nacionalismo, além de eliminar a possibilidade da ação humana.

Além do mais, utiliza-se da propaganda do terror, acabando com individualidade e a liberdade, colocando a vida privada sob constante suspeita. Em “A Lista de Schindler”, vemos o exercício do terror ao extremo, com tratamentos desumanos e execuções sumárias de prisioneiros.

Capacidade de reinventar-se
Para alguns, Oskar Schindler foi, a princípio, um comerciante oportunista, que aproveitou-se da guerra para enriquecimento próprio. No entanto, o mais importante foi a sua atitude posterior, desfazendo-se de boa parte da riqueza que já tinha em mãos para salvar da morte mais de mil judeus, que ele mal conhecia.

Apesar de Thomas Hobbes ter dito que “o homem é o lobo do homem”, resta ao maior predador de si mesmo a reflexão de Hanna Arendt, que mesmo nas adversidades, crê na capacidade humana de iniciar algo novo.

Dessa forma, uma das frases finais do filme dá suporte ao pensamento de Arendt: “aquele que salva uma vida salva o mundo inteiro”. Assim, não importa se movido pelos mais diversos interesses, o ser humano tem em seu interior a capacidade de reinventar-se continuamente.

Que esse filme seja revisitado constantemente, para que se possa estimular a reflexão acerca da nossa ação individual, do relacionamento social e, principalmente, da nossa condição humana!

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AUTORPaulo Cesar Paschoalini
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 < CURRÍCULO LITERÁRIO E PREMIAÇÕES > 
COMENTÁRIO: O texto foi publicado no blog da "Revista Vicejar" em 20.02.2020, onde o escritor possui vários textos de sua autoria, atuando como Colaborador do blog e do site. Para ler mais acesse:
BLOG DA REVISTA VICEJAR: http://revistavicejar.blogspot.com/
LINK DO TEXTO: https://revistavicejar.blogspot.com/2020/02/schindler-uma-lista-para-jamais-ser.html.
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