Paulo Cesar Paschoalini

Paulo Cesar Paschoalini
Pirafraseando

Translate

Mostrando postagens com marcador amigos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador amigos. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 20 de março de 2025

MINHA CRÔNICA:

Bendita Poesia! 


 

_____Primeiramente, é necessário dizer que eu devo muito à poesia. Por certo tempo, foi em razão da leitura de grandes poetas que eu me protegia da realidade e, mesmo não conseguindo entender muitas coisas do mundo, eu procurava me compreender dentro do mundo. 

_____Mia Couto disse certa vez, com propriedade: “Fernando Pessoa foi meu terapeuta”. Desse modo, tive muitos terapeutas que se manifestaram (e ainda o fazem) poeticamente. Os poemas pelos quais eu corria os olhos faziam indicar atalhos, para que eu pudesse percorrer a senda que levava ao meu coração e à minha alma. 

_____De ávido leitor eu passei a sentir a necessidade de me expressar, utilizando as palavras que me visitavam a qualquer hora. Desse modo, antes de dormir eu deixava um pequeno caderno e caneta debaixo da cama, para que aquilo que saia do coração e se alojava na mente durante a noite não me escapasse. Por dividir o quarto com outro irmão, eu precisava ir a outro cômodo e escrever os textos poéticos para que, somente assim, conseguisse adormecer novamente. 

_____Infelizmente muitas dessas anotações se perderam. Tenho curiosidade em saber de que maneira eu pensava sobre ‘as letras’ quando jovem, já que, por ter optado por um curso técnico, jamais tive aulas de Literatura. Desde então passei a ler com mais frequência e escrever de maneira intuitiva. Durante alguns anos eu me arrisquei a participar de concursos literários, sendo bem sucedido em dezenas deles. Isso me encorajou a prosseguir. 

_____Na falta de ler os textos que se perderam, dia desses eu estava revisitando minhas fotografias e, dentre elas, me deparei com a da imagem publicada, que guarda relação com os acontecimentos do mundo atual. É o registro da época em que TIVE de me alistar e fazer o Serviço Militar OBRIGATÓRIO. Hoje em dia, o termo ‘militar’ anda desgastado, quase sempre associado a conflitos bélicos ou outros tipos de violência. Fico feliz em saber que, depois de cumprida tal imposição social, naquilo que dependeu de minha vontade, trilhei outras direções, percorrendo caminhos especialmente ladrilhados de paz e esperança. 

_____Por essa razão, quando olho para a fotografia daquele jovem de 19 anos trajando uniforme e pose de soldado, não consigo me identificar, de maneira nenhuma, com tal postura. Vejo com resistência o fato de ter que se submeter a imposições de “superiores”, que disparam ordens para uso indiscriminado da força, nem sempre indicada ou necessária. 

_____Sinto-me satisfeito que, no alvorecer da idade adulta, tenha achado por bem escolher a escrita como instrumento de mudança. Sem ter a tarefa de querer ‘mudar o mundo’, ao menos proporcionou significativas transformações no meu interior, que ao longo da vida repercutiram e culminaram na pessoa da qual me tornei, com minhas habilidades e limitações. 

_____Ao dedicar-me livremente à Literatura, senti que a poesia abraçou carinhosamente essa minha intenção. Assim, além da gratidão às palavras, gostaria também de agradecer imensamente a TODAS AS PESSOAS que dedicam seu tempo na leitura de meus textos, principalmente àquelas que gentilmente escrevem palavras repletas de generosidade nos comentários que seguem as publicações. 

_____Quero expressar meu agradecimento aos AMIGOS que fiz (e ainda faço) por todos os cantos desse imenso Brasil, pelo carinho e incentivo que recebo. Muitos deles, já há algum tempo, saltaram do monitor para dividir espaço no mesmo cantinho do peito de onde brota a sensibilidade dos poemas. 

_____Também no exterior, sou afortunado por manter contato com quem vive em países da América Latina, na África (Angola e Moçambique) e na Europa, como Espanha e Itália, entre outros. Destaque especial para aqueles que residem em Portugal, cujas pessoas eu tenho grande estima e a amizade por elas eu considero (me perdoem a pretensão) ser sensivelmente além de ‘virtual’. 

_____Tudo o que aqui escrevi eu carrego dentro de mim e avalio como sendo uma PRECIOSA BÊNÇÃO, que continuará a ser cultivada continuamente. Assim, da mesma maneira de como comecei este texto, eu gostaria de finalizá-lo: é necessário dizer que eu devo muito à Poesia... e aos AMIGOS que ela felizmente me trouxe. 

_____Minha sincera gratidão a TODOS, sempre!!! 

 

------------------------------------------------

AUTORPaulo Cesar Paschoalini
------------------------------------------------
 < CURRÍCULO LITERÁRIO E PREMIAÇÕES > 
COMENTÁRIO: O texto foi publicado no blog da "Revista Vicejar" em 20.03.2025, onde o escritor possui vários textos de sua autoria, atuando como Colaborador do blog e do site. Para ler mais acesse: 
BLOG DA REVISTA VICEJAR: http://revistavicejar.blogspot.com/
______________________________________ 

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

MINHA CRÔNICA:

Ora, bolas!

O ano de 2013 inicia e lá se vão dois anos da última vez em que disputei uma “pelada sabadal”. O tempo voa e não me dei conta de que já se passaram 24 meses. Como costuma-se dizer, parece que foi ontem mesmo que eu recebi aquele cruzamento do Emerson e emendei para o gol, sem chance de defesa para o (quase) intransponível goleiro Preguiça.

Isso mesmo, quando fiquei sabendo pelo Departamento Médico que ficaria fora algum tempo por questões físicas, procurei me lembrar qual teria sido meu último gol e esse foi meu derradeiro tento, até então. Só não sabia que a volta levaria dois anos.

Para me certificar de que o retorno não seria vexatório, entrei logo em contato com o Emerson. Afinal, graças a sua genialidade, foi mentor do meu último balançar de redes, antes do “exílio esportivo” forçado. Também telefonei ao Mazine para me passar as coordenadas, com base “excrusive” em sua experiência internacional. Para completar, vim a bordo da Hilux dele, para poder manter a pose, é claro!

Depois desse período, assim que começou o jogo, notei que algumas coisas mudaram em mim. Recebi um colete de cor laranja e em poucos minutos de bola rolando ficou claro quem seria a “laranja podre” da equipe. Logo de cara, na primeira partida, minha participação foi fundamental nos principais lances que resultaram em dois gols... Do time adversário. E assim terminou 2 x 0 para os “Blues”.

Mas meus principais adversários não eram aqueles atletas de coletes azuis. O sol, por exemplo, estava implacável. O pulmão, que na verdade são dois, mesmo somados pareciam que não passavam de meio órgão com a intenção de me fazer respirar. Já a inspiração era zero, ou algo muito próximo disso.

Quanto às pernas, a direita não conseguia entrar num acordo com a esquerda. A cintura era apenas um acessório capaz de suportar a barriga, que já começa a marcar presença. O coração mais parecia que apanhava do que batia e os olhos mal acompanhavam o objeto esférico, que se movia numa velocidade espantosa. Os oito minutos, até ser substituído pelo Claudinho, pareceram uma eternidade...

Com relação aos demais, alguns fios de cabelos brancos a mais e uns quilinhos adicionais para deixar claro de que se trata de um lugar ideal para atletas de peso. De novidade mesmo a presença de dois atletas Gaúchos. Ambos, gente fina!

Mas as características regionais ficaram mais acentuadas assim que o “rango” ficou pronto. Parecia um bando de nordestinos (com todo o respeito), sem receber o Bolsa Família por pelo menos três meses. É nessas horas que o ser humano mostra o seu lado mais primitivo. Como a intenção de justificar esse tipo de comportamento, vale destacar que a comida estava mesmo uma delícia! Parabéns ao Dú e ao Marcelo Galina.

Podem ter certeza de que não me esquecerei facilmente desse momento. Desde ontem, domingo, é a primeira coisa que me vem à mente quando acordo. Minhas costas, a panturrilha, o joelho direito e o tornozelo esquerdo, todos doloridos, fazem questão de me lembrar de minha volta. Mas é questão de tempo... Depois piora.  

No próximo sábado, dia 12, estarei ausente em razão de um casamento para o qual eu fui convidado. Mania que essa gente tem de se casar aos sábados, não é mesmo?

A partir do dia 19, fico na expectativa que um novo casamento aconteça: a união entre eu e aquele objeto esférico muito rápido e que insiste em pular constantemente para dificultar ainda mais minha empreitada. Tenho certeza de que há dois atrás não era assim. Se não acontecer o casamento pretendido, que seja pelo menos o início de um namoro, em que a gente se entenda e que procure se tratar mutuamente, se não com carinho, ao menos com um mínimo de cortesia. Caso isso não seja possível, o que há de se fazer?

Ora, bolas! Afinal, para que servem as cervejas geladas? Embora elas sejam de Agudos, essa conotação lancinante não provoca qualquer ferimento. Pelo contrário, desde que com moderação, são capazes de aplacar eventuais frustrações decorrentes do inevitável caminhar do tempo.

---------------------------------------
AUTOR: Paulo Cesar Paschoalini
---------------------------------------
COMENTÁRIO:
Quero com esse texto expressar meu agradecimento pela maneira como fui acolhido por todos os amigos da Turma do Lupy, depois de dois longos anos de ausência dos gramados, apesar de minhas aparições esporádicas em outros eventos do grupo. A imagem utilizada é do site criacionismo.com.br
______________________________________

domingo, 15 de abril de 2012

MEU TEXTO:

Segunda voz

A voz é a principal maneira de os seres humanos se comunicam entre si. Quando essa comunicação vem através da música, aí ela é então mais encantadora.

E é assim que vinha acontecendo com a Turma do Lupy, em muitos de nossos encontros aos sábados à tarde e, principalmente, em toda segunda-feira de Carnaval, já há alguns anos, no Sítio Sinhoreti. E quando vinha chegando o final de tarde, o som da viola e as vozes de Galileu e Samaritano costumavam preencher o ambiente com músicas sertanejas, aquelas de antigamente, raiz mesmo.

Então, as vezes iluminados por luzes de lampião, a gente parava e se lembrava de um tempo em que as músicas continham letras, sentimento, escritas com o coração, que nos marcaram profundamente.

Outras segundas-feiras de Carnaval virão. Mas aquele finalzinho de tarde, quando o sol costumava sair de cena para dar lugar àquelas músicas, no ano que vem vai ser preenchido com muita saudade. Saudade de um sujeito moreno, seu jeito calmo, muita simplicidade e dono de um sorriso franco que emoldurava aquela voz grave.

Com certeza, vai dar saudade daquela segunda voz “de primeira”... Ah, isso vai!

----------------------------------------
AUTOR: Paulo Cesar Paschoalini
----------------------------------------
COMENTÁRIO:
Amanhã, 16 de abril, é o Dia Mundial da Voz. Faz pouco mais de uma semana, dia 7 de abril último, faleceu em Piracicaba, Raimundo Gonçalves da Silva, há mais de 30 anos o Galileu (foto), da dupla Galileu e Samaritano. Para quem teve o privilégio de conviver com ele, vai ficar a saudade de alguém com as característocas descritas no texto. Uma pessoa que gostava de sentar para “jogar conversa fora”, umas partidas de truco e, principlamente, adorava tocar uma viola e cantar a boa música sertaneja.
Não vai ficar só a lembrança. Vai deixar é muita saudade mesmo!

____________________________________

quarta-feira, 31 de março de 2010

MINHA CRÔNICA:


Senhor da razão

Quando menino, lembro-me que o tempo passava devagar e, como toda criança, tinha pressa de crescer, de ficar adulto. Fui me formando nos chamados graus escolares e procurando galgar os degraus que a vida me apresentava. Alguns ainda almejo; outros, porém, nunca quis.


Dentre as coisas que ouvi na vida, uma das mais marcantes foi, sem dúvida, que nós devemos fazer do obstáculo um degrau e não do degrau um obstáculo. Entretanto, ninguém nunca me disse como fazer para seguir quando nossas passadas são muito menores do que o obstáculo a nossa frente.

Sou de uma família de descendente de italianos, composta por pessoas que têm o coração maior do que a própria estatura. Tenho a satisfação de me encontrar com irmãos, cunhadas e sobrinhos em quase todos os aniversários que eles completam.

Na questão profissional, entrei no Banco do Brasil há 30 anos, mas parece que nem faz metade desse tempo. Pude sentir de perto a desvalorização da profissão de bancário. Na empresa, conheci cerca de meia dúzia de indivíduos, cujas atitudes lamentáveis não pareciam próprias de ser humano, em especial no trato com subordinados. Porém, uma infinidade de pessoas maravilhosas, muitas delas meus amigos particulares, que compensaram a minoria mencionada. Trabalhei com gestores com tanta obsessão por números, que nunca se deram conta que lidavam com gente. Em contrapartida, administradores que atingiam com competência os objetivos do Banco, com prioridade no relacionamento pessoal. Dos primeiros eu mal lembro dos nomes; os demais são inesquecíveis.

Ao longo dos meus 50 anos, completados agora em março, fica fácil perceber que “homo sapiens” tem se tornado cada dia mais um ser tecnológico do que humano. É triste saber que, hoje em dia, a população de um determinado lugar é medida muito mais pelo número de consumidores em potencial do que propriamente pelo de habitantes. Vejo que, na ânsia por um consumo desenfreado, o mundo está sendo consumindo pela ansiedade. Sinto que o dinheiro é como um vírus capaz de até mesmo matar, mas as pessoas não se importam em viver em constante estado febril. Tenho observado que a paz tem sido o intervalo entre as guerras, quando deveria ser um estado de espírito. E o pior disso tudo, é que fica fácil constatar todas essas deficiências nos outros seres humanos, mas é relativamente difícil consertar os nossos erros, por menores que sejam.

A vida chegou a causar algumas feridas, muito mais internamente do que à flor da pele, mas todas já foram devidamente cicatrizadas pelo tempo. Sei que devo ter magoado muita gente e, mesmo sem ter intenção, não tive o devido tempo para me desculpar. Por outro lado, muitas me feriram também sem querer e, sendo assim, meu coração já se encarregou perdoá-las. Se parar para pensar com atenção, verei que maioria das pessoas que cruzaram o meu caminho nem sequer se deram conta da minha existência, assim como devo ter ignorado um número expressivo de seres humanos que permearam minha caminhada.

No que se refere à vida particular, tendo muito mais a agradecer do que pedir. Vivi emoções maravilhosas, dentre as quais eu destacaria o meu casamento e o nascimento de minha filha. Tudo isso pode parecer piegas, mas todas as noites sou grato por fazerem parte da minha vida e não me imagino mais sem elas. Olho o mundo à minha volta e vejo uma grande quantidade de pessoas que não conheceram os pais, ou não tiveram a oportunidade de conviver com eles. Eu, entretanto, chego aqui tendo ambos vivos, próximos de mim e, dentro do possível, com saúde. Considero que isso seja uma benção que deva ser agradecida continuamente. Entre os revezes da vida, sobrevivi a cada perda de entes queridos para depois, a cada dia, morrer de saudades de todos eles.

Como a sociedade gosta de rótulos, agora sou o que chamam de “adulto maduro”, ou “meia idade”. Estatisticamente, já passei da metade de minha trajetória, mas aprendi com a vida que não devo confiar tanto assim em dados estatísticos. Cansei-me de conceitos pré-estabelecidos, mas sei que vivo envolto numa atmosfera de ilusão ao pensar que estou começando a segunda metade. Talvez isso sejam coisas do tal instinto de sobrevivência.

Apesar de boa parte de meus cabelos brancos dizerem o contrário, sinto-me ainda um garoto. Freqüentemente rolo com minha filha pelo tapete da sala e fico em dúvida se isso agrada mais a ela do que a mim. Nos finais de semana, continuo a “bater uma bolinha” com os amigos e agradeço a eles pelo fato de me fazerem pensar que o que faço em campo ainda pode ser chamado de futebol. Sou grato também pela convivência com eles por mais de 20 anos. Assim como as redações do tempo de escola, sigo escrevendo meus textos e é bom saber que existem pessoas que se interessem em lê-los, agora sem me preocupar com notas, embora sujeitos a críticas.

Muitas vezes o menino que mora dentro de mim tem dificuldade em imaginar que cinco décadas já passaram pela retina. Pensava que a essa altura saberia tudo sobre a vida, mas vejo que sou um eterno aprendiz no que se refere ao mundo e, principalmente, a meu próprio respeito. Se eu tivesse que definir “meio século”, eu diria que é um período que passa depressa demais.

Para finalizar, certa feita li uma frase, que desconheço a autoria: “o tempo é o senhor da razão”. Pois constantemente reflito e questiono sobre seus propósitos. Acredito que esse tal “senhor” deva ter lá suas razões para insistir que a vida continue a me reservar ainda essas incontáveis emoções que me acompanham.
-------------------------------------------------
AUTOR: Paulo Cesar Paschoalini
-------------------------------------------------
- Este texto está disponível na intranet do Banco do Brasil > Acesse Sua Área > Cadernos > Palavras Cruzadas, publicado pela VITEC-Brasília em 09.04.2010 e acessível a mais de 100.000 funcionários.
____________________________________